Após menino torturado, MP pede que Conselho Tutelar revise casos

Órgão deverá revisar todos os casos em andamento que estão sem comunicação com outros serviços da rede há três meses

Após menino torturado, MP pede que Conselho Tutelar revise casos
Foto: Reprodução: ACidade ON
Após menino torturado, MP pede que Conselho Tutelar revise casos

Após o caso do menino de 11 anos encontrado acorrentado em um barril no Jardim Itatiaia, em Campinas, o MP (Ministério Público) solicitou nesta quarta-feira (3) ao Conselho Tutelar a revisão de todos os casos em andamento e que se encontram sem comunicação dos demais serviços da rede de proteção há mais de três meses.

Desde segunda-feira (1º), a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Campinas instaurou procedimento investigatório para apurar eventual falha da rede de proteção nos atendimentos prestados ao menino.

O caso teve repercussão nacional, mas o procedimento segue em sigilo para não expor ainda mais o menino. Em nota oficial, a Promotoria de Justiça informou que "nunca havia recebido denúncia de maus-tratos ou negligência referente a essa criança e solicitou à rede informações sobre todos os atendimentos a ela prestados no ano de 2020 e aguarda esses documentos".

O CONSELHO

Após a repercussão do caso e de ter admitido que acompanhava a família do menino torturado, o Conselho Tutelar negou que tinha ciência da violência sofrida por ele. O órgão emitiu uma nota à população e à imprensa dizendo que a informação recebida em dezembro e janeiro era de que a "situação da criança e família vinha evoluindo bem e positivamente".

Essa nota foi divulgada após vizinhos afirmarem que o órgão acompanhava o caso e, no domingo (31), um membro do Conselho Tutelar admitiu que já acompanhava a denúncia de maus-tratos a criança há pelo menos um ano. O conselheiro afirmou que iria apurar se houve falha.

"Não há nenhum diagnóstico que confirme que o garoto esteja doente. Pode ser hiperatividade normal da idade. Mas, houve uma falha grande em deixar a situação chegar onde chegou", disse o conselheiro tutelar Moisés Sesion.  

Sobre o pedido de revisão feito pelo MP, o Conselho Tutelar foi procurado para comentar o caso, mas não retornou o pedido de informação da reportagem. 

O CASO

O pai da criança, a namorada dele e a filha da mulher foram presos no último sábado (30) manter o menino de 11 anos, acorrentado e sob maus-tratos, no Jardim Itatiaia.


Segundo a Polícia Militar, foi constatado que o menino era mantido nu, acorrentado pelas mãos e pés em um tambor de ferro exposto ao sol. O local, com menos de quatro metros quadrados, era coberto por uma telha do tipo brasilit e com uma pia de mármore por cima, para impedir a saída do garoto.

Em depoimento, o garoto, encontrado em situação de desnutrição, afirmou que não comia nada há três dias e era mantido naquela situação frequente no barril desde que completou 10 anos. O policiais tiveram que usar uma ferramenta de corte para tirar as correntes e os cadeados que prendiam a criança ao barril. Os responsáveis legais do menino receberam voz de prisão em flagrante.