Campinas prorroga investigação de omissão em caso de menino preso em barril

Secretaria de Justiça abriu investigação há 60 dias; menino de 11 anos continua em abrigo após ter sido encontrado amarrado em barril no dia 30 de janeiro

Campinas prorroga por 30 dias investigação de omissão em caso de barril
Foto: Reprodução: ACidade ON
Campinas prorroga por 30 dias investigação de omissão em caso de barril

A Secretaria de Justiça de Campinas anunciou nesta sexta-feira (9) que prorrogou por 30 dias a investigação de omissão dos serviços públicos municipais e da entidade conveniada no caso do menino mantido preso e torturado por sua família no Jardim Itatiaia. Ele foi encontrado acorrentado a um barril no dia 30 de janeiro. Após ser resgatado, a criança foi levada ao hospital e depois a um abrigo municipal. Segundo o Conselho Tutelar, ele está bem de saúde.

De acordo com o Executivo, a investigação foi conduzida pela pasta nos últimos 60 dias e corre em absoluto sigilo por envolver um menor de idade. Até o momento, a Prefeitura não divulgou detalhes sobre o caso. O MP (Ministério Público) e o TJ (Tribunal de Justiça) também informaram que o caso segue sob sigilo.

"Essa criança foi atendida na secretaria de Saúde, na secretaria de Assistência Social, tem uma entidade social que é co-financiada que acompanha a criança também e o Conselho Tutelar. São várias informações e atendimentos e pedimos essas informações para abrirmos uma investigação", disse o prefeito de Campinas, Dário Saadi, na época.

O MP

Procurada, a promotora do MP Andrea Souza informou que o caso está sendo apurado como se deu o atendimento ao menino por toda a rede de proteção, não só pelo Conselho Tutela. No entanto, não há previsão de encerramento diante da situação da pandemia. O Ministério também diz que estuda a possibilidade de adoção da criança.

CONSELHO TUTELAR

Por conta da repercussão do caso, a atuação do Conselho Tutelar foi questionada na época e dados do próprio órgão mostram que a atuação do Conselho na região do menino torturado caiu 64% em 2020. Dois dias após o resgate do menino, o Conselho admitiu que acompanhava a família, mas negou ter ciência de violência sofrida por ele em casa, no Jardim Itatiaia. 



ENTENDA O CASO

O pai, um auxiliar de serviços gerais de 31 anos, sua mulher, uma faxineira, de 39, e a filha dela, uma vendedora de 22 anos, foram presos em flagrante na tarde do 30 de janeiro por manter o menino de 11 anos, acorrentado e sob maus-tratos. Segundo a Polícia Militar, foi constatado que o menino era mantido nu, acorrentado pelas mãos e pés em um tambor de ferro exposto ao sol.

O local, com menos de quatro metros quadrados, era coberto por uma telha do tipo brasilit e com uma pia de mármore por cima, para impedir a saída do garoto. Em depoimento, o menino afirmou que não comia nada há três dias e era mantido naquela situação frequente no barril desde que completou 10 anos.

Após a repercussão do caso, a Justiça de Campinas acolheu a denúncia do MP de tortura do pai e omissão das mulheres. O pai biológico da criança também foi acusado de abandono intelectual da criança pois não havia matriculado e nem manteve o filho na escola durante o ano de 2020.



Além disso, a perícia do IC (Instituto de Criminalística) de Campinas fez um laudo técnico mostrando que havia comida armazenada em armários em duas geladeiras da residência. O documento também avaliou que a casa, no Jardim Itatiaia, tinha condições adequadas para o desenvolvimento de uma criança, além de possuir eletrodomésticos, roupas e produtos de higiene pessoal.