MPT pede afastamentos de servidores da educação com comorbidade e sem 2ª dose

Segundo Ministério, esses profissionais não podem ter prejuízo da remuneração, sob pena de multa diária de 30 mil reais

MPT pede na Justiça que Campinas afaste servidor da educação com comorbidades e sem 2ª dose
Foto: Reprodução: ACidade ON
MPT pede na Justiça que Campinas afaste servidor da educação com comorbidades e sem 2ª dose

O MPT (Ministério Público do Trabalho) ajuizou nessa quarta-feira (28) uma ação civil pública contra o município de Campinas, pedindo em caráter liminar que a prefeitura seja condenada a afastar das atividades presenciais 185 trabalhadores vinculados à secretaria de Educação que pertencem ao grupo de risco da covid-19 e que ainda não possuem o esquema vacinal completo (14 dias após terem tomado a 2ª dose da vacina). 

O pedido é para que esses servidores não tenham prejuízo da remuneração, sob pena de multa diária de 30 mil reais. 

De acordo com o órgão, a determinação do afastamento do trabalho presencial de servidores da educação de Campinas que possuem comorbidades já havia sido feita pelo MPT em maio.   

Desde então, o órgão vinha buscando uma alternativa com o objetivo de preservar a vida dos trabalhadores municipais expostos a risco acentuado, até de morte. 

Sem negociação com a administração municipal, o MPT ingressou com a ação civil pública. 

1ª DECISÃO 


A procuradora Clarissa Ribeiro Schinestsck pediu o cumprimento da obrigação solicitada em liminar, sob pena de multa.   

O MPT pede, ainda, a indenização por dano moral coletivo no valor de 800 mil reais por expor desnecessariamente a risco acentuado os trabalhadores da educação com comorbidades e sem a imunização completa. 

Na ação, o MPT sustenta que do total de 5.072 profissionais da Educação, cerca de 900 possuem comorbidades, dos quais apenas 185 não estão integralmente imunizados, o que indica o afastamento do trabalho presencial de menos de 4% do quadro total.

Ainda, esclarece que no máximo até o fim de setembro esse pequeno grupo estaria imunizado com a 2ª dose. 

O GRUPO DE RISCO 

Segundo o MPT, profissionais com comorbidades são aqueles que possuem

- cardiopatias graves ou descompensadas (insuficiência cardíaca, infartados, revascularizados
- portadores de arritmias
- hipertensão arterial sistêmica descompensada)
- pneumopatias graves ou descompensadas (dependentes de oxigênio, portadores de asma moderada/grave, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC)
- imunodeprimidos
- doentes renais crônicos em estágio avançado (graus 3, 4 e 5)
- diabéticos, conforme juízo clínico
- trabalhadores em tratamento de câncer e daqueles que fazem uso de medicamentos imunodepressores e quimioterápicos. 

OUTRO LADO 

Procurada, a Prefeitura de Campinas não se manifestou sobre o teor da ação do MPT. Informou apenas que vai apresentar sua defesa no processo.

ENTENDA O CASO 

Em maio desse ano, a instituição determinou que o Município de Campinas afastasse do trabalho presencial servidores da educação que possuam comorbidades até que todos estes trabalhadores (com comorbidades) sejam completamente imunizados.   

O Município pediu a reconsideração e, desde então, o MPT vem buscando identificar esses profissionais vacinados e em quais condições esses trabalhadores estão exercendo suas funções (presencial ou remoto), bem como as datas de vacinação.   

Com a estimativa da imunização integral de mais de 90% do quadro de profissionais que possuem comorbidades, o MPT pede agora o afastamento de 185 profissionais que pertencem ao grupo de risco da Covid-19 e que terão seu esquema vacinal completo até o fim de setembro. 



MEDIDAS IMPOSTAS PELO MPT 

Desde novembro de 2020, o Ministério Público do Trabalho (MPT) busca garantir a saúde coletiva de professores e funcionários das escolas públicas municipais de Campinas e o cumprimento de todos os protocolos sanitários. 

A partir da instauração de inquérito pela instituição, o MPT acionou a Prefeitura Municipal de Campinas (Secretarias de Educação e Saúde), cobrando do Município a adoção de protocolos sanitários que possibilitem a implementação de medidas para reduzir os riscos e a exposição ao contágio da Covid-19.   

Em audiência, a partir de uma determinação do MPT, as servidoras gestantes da secretaria da Educação de Campinas foram afastadas das atividades presenciais.