
Estudantes dos cursos de Direito e Economia da PUC-Campinas, no interior de São Paulo, afirmam ter encontrado carrapatos dentro das salas de aula do campus 1, localizado próximo a áreas de mata. Segundo os relatos, na semana passada ao menos sete alunos identificaram o animal no corpo, além de um caso em que o parasita foi achado sobre o caderno de um universitário.
O temor aumentou após a morte de um estudante de 18 anos, do 1º ano de Economia, que apresentou sintomas de febre maculosa no fim do mês passado. Ele chegou a ser internado em estado grave no Hospital Galileo, na cidade de Valinhos, mas não resistiu. A família aguarda o resultado do laudo oficial, previsto para esta quinzena.
Um parente da vítima, que preferiu não se identificar, contou: “Ele mora em um bairro na cidade, longe de área rural, e frequentava a faculdade e os mesmos espaços onde a família vai. Apenas nele foi achado o carrapato.”

Medo e mobilização entre universitários
Com receio da infestação, um aluno de Direito, também de 18 anos, contou que mudou sua rotina. “Estamos muito assustados e queremos que a administração tome providências. Mandei e-mail para a direção do curso, mas negaram o fato. A localização de carrapatos está repercutindo muito e queremos saber quais as providências que estão sendo tomadas.”
Na última terça-feira (10), estudantes organizaram um abaixo-assinado virtual que já reunia 1.158 assinaturas até as 14h15. A mobilização começou após a divulgação de imagens que mostram capivaras circulando perto dos prédios. Uma testemunha relatou: “Há dois bosques aqui no campus e a mata próxima ao prédio de Direito. Eu não vi capivaras, mas dizem que à noite elas circulam tranquilamente por tudo, inclusive entram na piscina perto da quadra de tênis.”
O que diz a PUC-Campinas?
Em resposta, a PUC-Campinas informou em nota que “não há, em seus dois campi ou no Colégio Pio XII, qualquer registro de febre maculosa ou de infestação de carrapatos”. A universidade declarou ainda que mantém “rigoroso controle ambiental, conduzido por empresa especializada, conforme protocolos recomendados pela Vigilância Sanitária”.
Investigação em andamento
Como o estudante que morreu morava em Vinhedo, a Secretaria de Saúde do município investiga a causa do óbito. Segundo a assessoria, o laudo sai em até 30 dias e considera hipóteses como febre amarela, meningite e dengue, além da febre maculosa.
A Prefeitura de Vinhedo reconhece a presença de capivaras em áreas de represa, mas afirma que não há casos confirmados de maculosa na cidade. Já Campinas é considerada região endêmica da doença e possui lei que obriga locais privados a sinalizarem os riscos .
No ano passado, a administração municipal iniciou um programa de esterilização de capivaras para reduzir a população nos parques públicos e controlar a transmissão da febre maculosa. As ações começaram na Lagoa do Taquaral e no Lago do Café e devem ser ampliadas para outras áreas.