Líderes de diversas religiões se reuniram na manhã de hoje (10) em frente à Prefeitura de Campinas
, em um ato inter-religioso contra o despejo de 108 famílias da ocupação Nelson Mandela
.
O protesto começou às 10h no Paço Municipal, e reuniu líderes da igreja católica, de segmentos evangélicos, da umbanda , entre outros, que se manifestaram contra a possível retirada das famílias, que hoje ocupam um terreno no Jardim Nossa Senhora Aparecida , e têm prazo judicial para saída até o dia 31 de agosto.
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Nas últimas semanas, os moradores da ocupação já haviam protestado contra a possível retirada. Na última quinta-feira (6) os moradores se reuniram também em frente à Prefeitura . Já no dia 30 de julho, o ato foi feito durante a entrega do terminal BRT . No ato de hoje, no entanto, os líderes assumiram o protesto, transmitindo a manifestação para os moradores pelas redes sociais.
A Ocupação Nelson Mandela conta com uma população em situação de vulnerabilidade. Atualmente moram na ocupação 170 adultos, 89 crianças de zero a 10 anos, 8 adolescentes e 2 bebês prematuros, além de 7 grávidas e 10 idosos. Entre eles, 62 pessoas pertencem a grupos de risco, com problemas respiratórios e cardíacos, o que segundo os líderes, coloca ainda mais a vida deles em risco caso haja o despejo.
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Além do ato inter-religioso, os grupos elaboraram um documento a ser entregue ao prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB). No ofício, pelo menos 15 líderes assinaram o repúdio à possível reintegração prevista para o fim do mês.
No documento, os líderes pedem que a Prefeitura atenda a reivindicação dos moradores, prorrogando o prazo para as famílias continuem no local, evitando a reintegração de posse em meio a pandemia. Além da Administração, o documento deve ser encaminhado ainda para o Ministério Público.
O CASO
Em 31 de janeiro do ano passado foi assinado um acordo, que estendia a permanência das 108 famílias no terreno localizado na região do Distrito Ouro Verde por mais um ano. No documento, a Cohab (Companhia de Habitação Popular de Campinas) se comprometeu, dentro do prazo, a dar uma solução para a realocação dos moradores, com a possibilidade da oferta de um loteamento. Porém, isso não aconteceu.
Em janeiro uma reportagem do ACidade ON mostrou o drama que as famílias viviam sobre a possibilidade de uma nova reintegração e falta de soluções para os moradores.
Passados os 12 meses acordados, em 31 de janeiro deste ano, em mais uma rodada de negociações intermediada pela Cohab-Campinas, a data de permanência dos ocupantes na área foi prorrogada para 31 de agosto.
Com a possibilidade da nova retirada, as famílias passam por momento de preocupação e insegurança sobre suas moradias, a maioria não tem para onde ir, principalmente neste período de enfrentamento a pandemia do novo coronavírus.
Segundo a coordenação da ocupação, mais da metade das 108 famílias que vivem no local não foram contempladas com o programa de auxílio oferecido pela Administração. Além disso, com o prazo esgotado, o acordo prevê uma multa de R$500 por dia de permanência para cada família que continuar no terreno.
A Prefeitura de Campinas foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou sobre o caso.