O Portal iG
entrevistou nesta segunda-feira (10) a historiadora e doutura em urbanismo Alessandra Ribeiro,
em mais um episódio da série de entrevistas com pré-candidatos à Prefeitura de Campinas. Nome do PCdoB para a disputa de novembro, Alessandra falou sobre suas percepções e ideias para melhorar a cidade, durante conversa com os jornalistas Ricardo Galuppo, Ludmilla Pizarro e Bruno Accorsi.
Doutora em urbanismo pela PUC-Campinas, Alessandra realiza estudos de territórios, memória e representação dentro da área de Matriz Africana. A pré-candidata também é Mãe de Santo Umbandista e mestra da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, batizada desta maneira em homenagem ao avô dela, Benedito Ribeiro. Além disso, exerce a função de gestora na Casa de Cultura Fazenda Roseira, sede da Comunidade.
Leia também: Eleições: Delegada Teresinha é a entrevistada do iG nesta terça-feira (11)
Na avaliação da pré-candidata, Campinas é um município que perdeu a identidade. Por isso, segundo ela, é necessário fazer com que os cidadãos se sintam pertencentes à cidade, com o resgaste da história e valorização dos patrimônios imateriais.
"É muito ruim quando você vive em uma cidade em que você não se sente pertencente, e é muito potente quando você se sente parte dela que é o que a política do patrimônio imaterial faz. É preciso estimular para dentro dos espaços de educação, como primeira ação, um debate da educação patrimonial, que as crianças desde cedo conheçam a cidade, a história de campinas, ter essa identidade. Campinas é uma cidade que ficou sem identicidade. A gente sabe que tem ênfase na ciência e tecnologia, mas parece que isso não é feito por pessoas", avaliou a historiadora.
Você viu?
Economia
Para Alessandra, a questão da identidade pode ser trabalhada inclusive para estimular a economia de cada região, respeitando as particularidades desses locais e traçando um perfil mais preciso.
"A primeira coisa é fazer com que a cidade se enxergue, enxergue a potencia de seus territórios. A gente precisa fazer uma grande cartografia do que tem dentro dos bairros, com os mecanismos que a gente tem, para que a gente possa estimular o consumo interno dos próprios territórios", argumentou.
Alessandra Ribeiro também disse não ser contra parcerias público privada, como as do Lixo e da Iluminação, por exemplo. "Eu penso que essas ações de parceria pública privada ainda são necessárias em alguns setores. Não vejo como algo absurdo,mas compreendemos que o poder público tem que gestar isso com melhor clareza e condução deste processo", afirmou.
Barragem
Ao comentar sobre as obras da barragem de Sousas, a pré-candidata mostrou preocupação. Isso porque ela contesta os benefícios apontados pela atual gestão como justificativa para obra.
"O grau de impacto que essa ação vai causar no nosso município é imensa, tanto nos impactos ambientais como no impacto dos microempreendedores que estão na região, que têm uma produção na agricultura comunitária, familiar", disse Alessandra, que propõe mais diálogo com prefeitos da região na hora de tomar decisões sobre segurança hídrica.
"Essa represa da forma que está sendo conduzida, na prática vai privilegiar especulação imobiliária, vai valorizar e potencializar que um pequeno grupo tenha grandes lucros dessa investida. Vai sobrar para a próxima gestão um grande prejuízo ao que se refere aos impactos ambientais. Entretanto, a gente acredita que, estando dentro do governo, a gente vai conseguir reduzir uum pouco de danos em uma articulação regional, em um diálogo mais ampliado com toda a nossa região", conclui.