Alunos da EEI “Orlando Carpino
Fernanda Sunega/Prefeitura de Campinas
Alunos da EEI “Orlando Carpino" durante visita do prefeito Jonas Donizette, em fevereiro, antes do início da pandemia.


O número de alunos que pediram transferência da rede particular de ensino para a estadual entre janeiro e julho deste ano aumentou 34% em relação ao mesmo período do ano passado em Campinas . Segundo os números da Secretaria Estadual da Educação , a quantidade saltou de 268 para 360 pedidos. 

O maior número de transferências da rede privada para a estadual foi registrado entre os meses de maio e junho - devido a pandemia de covid-19 que afetou economicamente grande parte das famílias que perderam renda. Em todo o Estado, 2.813 alunos fizeram a mudança - um crescimento dez vezes maior em relação ao número do ano passado. A rede pública do Estado tem cerca de 3,4 milhões de alunos, 1 milhão a mais que a estimativa da rede privada.  

A reportagem solicitou o mesmo levantamento junto à secretaria municipal de ensino que até o fechamento desta matéria não tinha o dado apurado o dado. 

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COMO FAZER

Para facilitar esse processo, o governo paulista criou a possibilidade de matrículas para o atual ano letivo - as vagas de 2021 ainda não estão abertas - serem feitas no site sed.educacao.sp.gov.br

A medida da transferência on-line visa evitar o deslocamento das famílias, formação de aglomerações nas escolas e assim diminuir o risco de contaminação do coronavírus. Poderão manifestar interesse pela migração para a rede estadual os pais dos alunos com matrícula na rede privada ou vindo de outros estados. 

Vale lembrar que a matrícula é para o ano letivo vigente. Já as transferências entre redes públicas estão temporariamente suspensas e devem ser retomadas após o retorno das aulas presenciais. 

Para efetuar a pré-matrícula, será necessário acessar o site https://sed.educacao.sp.gov.br/NCA/PreInscricaoOnline/login e preencher as informações solicitadas. Será necessário fazer upload dos documentos no mesmo endereço eletrônico. As informações serão verificadas e as matrículas validadas pelas próprias escolas. 

MUDANÇA DE RUMO

A auxiliar administrativa Joelma Medeiros, de 39 anos, acabou sendo demitida no mês de maio por causa da crise do novo coronavírus. Ela trabalhava em uma empresa de festas, que com a pandemia, suspendeu todos os eventos agendados neste ano.   

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Com isso, a renda familiar caiu muito e obrigou a mudança da escola dos filhos que cursavam o ensino fundamental em uma escola particular de Campinas para o Estado. "Meu marido também teve redução de jornada e salário. Não teve jeito, além de cortar as despesas a escola estava pesando muito, mesmo com desconto. Não dava, senão ia virar uma bola de neve", afirmou.  

O mesmo ocorreu com a designer Anne Liefe Pires, de 32 anos. Ela teve que mudar as filhas de 5 e 10 anos da rede particular para a pública durante a pandemia. "Meu marido já estava desempregado desde novembro, mas conseguia levar com meu trabalho. Como sou designer gráfico e a maior parte do meu trabalho é ligado a eventos, fui vendo a demanda cair muito até ficar insutentável manter as duas na escola. Chegou um momento em que ficamos devendo e não rolou. O bom nisso tudo é que nossa família acabou muito bem acolhida nas duas escolas públicas que eles foram transferidas. Isso acabou sendo bom", afirmou Anne que afirmou que neste ano já não manda mais as crinaças à escola. "Não dá para ter certeza de nada. A única coisa que sei é que, com todo esse tempo em casa, elas estão imunes a várias outras doenças e agora não é só covid que dá medo. Esse ano elas não voltam mais", analisou. 

SEGUE INDEFINIDO

Na semana passada o governo de São Paulo adiou a retomada das aulas presenciais nas escolas do Estado para 7 de outubro, mas as escolas públicas e privadas de regiões que estão na fase amarela há 28 dias poderão antecipar a reabertura para atividades opcionais e recuperação a partir do dia 8 de setembro. O anúncio foi feito pelo governador de São Paulo, João Doria.   

"A data foi adiada para 7 de outubro por recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus para garantir uma margem de segurança ainda maior para as crianças, adolescentes, professores, gestores e profissionais da rede pública e privada de ensino e, obviamente, para os seus familiares", disse Doria. A ideia inicial era retomar as aulas presenciais no início de setembro. 

A retomada das aulas presenciais tem gerado um grande debate por parte das autoridades, pais, estabelecimentos de ensino e professores. As escolas estão fechadas desde 23 de março por causa da quarentena imposta para frear o avanço do novo coronavírus.  

O retorno das atividades educacionais presenciais enfrenta resistência por parte do sindicato de professores. Presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e deputada estadual pelo PT, Maria Izabel Noronha afirma que a volta às aulas tira de suas casas cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre estudantes, professores e funcionários, considerando a rede estadual.  

"O ano letivo de 2020 não precisa terminar em 2020", afirma. "É uma questão arbitrária, pensada dentro de um calendário normal. Num calendário deste, de pandemia, o ano letivo pode terminar em 2021."  

A Apeoesp fez uma manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado, contra o retorno das atividades presenciais. Os professores também já ameaçaram greve caso isso aconteça.  

No âmbito do governo estadual, a previsão inicial era de que as aulas físicas fossem autorizadas a partir de 8 de setembro. Contudo, tal programa já está em xeque, uma vez que a pandemia não regrediu tanto quanto a gestão Doria precisava para efetivá-lo e por isso essa nova mudança de data para outubro.  

O retorno das atividades seria faseado, inicialmente com apenas 35% da capacidade das escolas. Além disso, atividades como feiras, congressos e festas em ambientes escolares ficam suspensas por tempo indeterminado. 

As instituições de ensino estiveram entre os primeiros estabelecimentos fechados devido à pandemia. Como forma de tentar diminuir o prejuízo causado pela situação, as escolas têm lançado mão de ferramentas tecnológicas.  

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