Um menino de 3 anos com fome e sede foi encontrado andando sozinho pelo bairro Santo Antônio, próximo ao Aeroporto Internacional de Viracopos, na madrugada de segunda-feira (14). O caso foi parar na 2ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) após a copeira Cristiane Ferreira, de 31 anos, ver a criança vagando sem rumo pelas ruas. Ela conta que ainda impediu que um grupo de quatro homens ficasse com o menino.
Cristiane disse que estava saindo da casa da mãe após passar o domingo em família com os três filhos e o namorado quando viu o menino perdido. Ela disse que quando foi abordá-lo, ele falou que tinha sido "expulso de casa pelo avô" e que estava procurando a mãe. A jovem de 20 anos estava em um baile funk e apareceu na delegacia apenas às 6h.
"Eu comecei a chorar quando ele disse isso. A impressão é que ele tinha tomado banho havia muito tempo, porque estava de bermuda, regata e tênis com meia. Isso era 2h30 da manhã. Também estava com a roupa com cheiro de suor. Eu pensei nele como se fosse um filho meu", disse.
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Nesse momento, um homem aparentemente bêbado e mais três amigos apareceram dizendo que conheciam o menininho. Eles estavam na rua que tem pouca iluminação e também próximos de um conhecido ponto de drogas.
Cristiane desconfiou e começou a fazer perguntas que eles não souberam responder. Nisso, teve a certeza de que devia protegê-lo. "Acionei a polícia e eles chegaram em menos de 20 minutos. Deram o casaco para ele, porque estava frio e ele disse que queria ser policial, mas que antes estava com muita fome", disse. Nesse momento, a equipe e a copeira ficaram emocionados com a situação.
LANCHE E BUSCAS
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O sargento da PM Adriano Leite, que participou da ocorrência, afirmou que foi um dos casos mais difíceis que ele já presenciou. Após encontrarem o menino com Cristiane, os policias fizeram uma vaquinha e compraram um x-egg com coca-cola para a criança.
"Quando ele falou que queria pizza eu fiquei abalado. Eu sou pai, tenho dois filhos. Na rua, a gente sempre come sempre pizza, é algo comum pra gente. Causou uma emoção muito forte na equipe", disse o sargento. "Ele comeu como se não comesse há muito tempo. Não parava de comer", contou a copeira.
Enquanto isso, os policiais começaram a fazer buscas no bairro para procurar uma mulher com o nome falado pelo menininho. Uma moradora indicou um endereço onde uma mãe costumava abandonar o filho para poder sair.
"Focamos todo o empenho para encontrar mãe, fomos em bares, abordamosvários moradores. Até que consegui achar a moradora que disse conhecer a família. E disse que tinha esse histórico. Nesses 13 anos de polícia foi o pior caso que já peguei", afirmou Leite.
No local, foi encontrado o avô da criança, que afirmou não ter visto o neto sair de casa. Segundo o sargento, o imóvel estava trancado e tinha um muro alto. "Achamos que ele tinha fugido de casa, mas ele estava passando frio e fome na rua. Parecia que ele não tinha fugido. O muro era tão alto e nem eu podia pular. Isso chamou a atenção. Mas tudo vai ser apurado", afirmou o policial.
Depois de encontrarem o avô, todos foram para a delegacia.
NA POLÍCIA
Por volta de 6h, a mãe da criança apareceu na delegacia. A copeira conta que ela estava visivelmente transtornada e parecia bêbada. "Ela não chorou em nenhum momento, mas berrou bastante. Dizia que a gente tinha tirado o filho dela. Me pareceu um drama mesmo, de atriz. Ela culpou o avô da criança pelo que tinha acontecido", disse o PM.
O caso agora será apurado pela Polícia Civil e o menino foi levado pelo Conselho Tutelar para um abrigo mesmo com a presença do avô. A mãe não foi autuada por conta do estado em que estava quando apareceu na delegacia e vai responder ao crime em liberdade.