A população infantil em Campinas diminuiu 8,1% nos últimos 20 anos segundo levantamento do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) do governo estadual. O estudo apontou ainda que essa é uma tendência em todo o Estado de São Paulo, incluindo as outras 19 cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) (leia mais abaixo).
O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (8), próximo ao dia 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida e quando também se comemora o Dia das Crianças no Brasil.
Em Campinas, em razão da redução de 182.119 crianças em 2000 para 167.235 em 2020 na cidade, a proporção da população infantil diminiu de 18,81% para 14,23% no total de moradores. Isso porquê houve aumento na população geral registrada pelo Seade no período, de 21,41%.
Em 2000, Campinas tinha 968.160 moradores, enquanto em 2020 este número já é de 1.175.501.
TENDÊNCIA
Segundo a doutora em educação Monica Gardelli, essa redução pode ser explicada pelo aumento do atendimento à mulher, principalmente na rede pública.
"Acredito que o SUS se tornou mais abrangente, e teve um atendimento maior na saúde da mulher. Isso significa que a questão do controle da natalidade, e a orientação para evitar gravidez precoce, podem ter impactado nos números", disse.
Ela afirmou ainda que a disponibilização contraceptivos gratuitamente para as mulheres teve um avanço no período. "A sensação é que a redução tem a ver com os recursos oferecidos pela saúde pública para controle da natalidade, com maior conscientização", afirmou.
De fato, o SUS possui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher desde 2004 e, no mesmo ano, foi criado o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.
Você viu?
Em 2005, foi implantada a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos e, no ano seguinte, foi instituída a Política de Atenção Integral à Reprodução Humana Assistida.
Para a funcionária pública Flávia Ballo, de 51 anos, a escolha de ter uma filha, Capitu, hoje com 18 anos, foi porque além de ter controle da decisão, ela achava mais fácil de lidar com os conflitos que surgissem. Já o aspecto econômico influenciou pouco na decisão, apesar de achar que isso acontece muito em outras famílias.
"Queria ser mãe e decidi ter uma filha. Achei que seria melhor ser mãe de uma do que de duas. E isso não mudou com o tempo, hoje ainda teria só um filho. Acho também que você consegue dar uma vida melhor com um só, isso deve pesar muito", disse ela.
NO ESTADO
Essa tendência de diminuição infantil ocorreu no Estado e o número de crianças caiu pela metade nos últimos 50 anos. O Seade explicou que em 1970 eram 5,3 milhões de crianças e, 50 anos depois, são 6,8 milhões, com crescimento médio anual de 0,51%.
Nesse período, a população total mais que dobrou: de 17,7 milhões para 44,6 milhões de habitantes. A evolução da população de crianças sofreu influência da queda das taxas de fecundidade, de 4,3 filhos por mulher para 1,7 filho.
Além disso, a razão de sexo entre as crianças, que indica o número de meninos para cada grupo de 100 meninas, aumentou nos 50 anos analisados, com prevalência masculina crescente. Tal aumento resulta da redução da mortalidade infantil, que incidia mais fortemente sobre o sexo masculino. Em 2020, essa razão entre crianças (104,7) quase se iguala à razão de sexo ao nascer (próxima de 105).
RMC
Na RMC (Região Metropolitana de Campinas), a situação é semelhante. Todas os municípios apresentaram queda na população infantil e, consequentemente, na proporção das crianãs de até 12 anos no geral.
Entre as 20 cidades, a que mais teve maior diferença na proporção entre os anos 2000 e 2020 fo Holambra, com redução de participação infantil de 24,37% para 15,22% no período analisado pelo Seade.
Em segundo lugar ficou Artur Nogueira (queda de 22,28% para 14,77%) e, em terceiro, Nova Odessa e Santo Antônio da Posse - ambas tiveram queda de 6,7 pontos percentuais nas porcentagens de 2000 e 2020.