A Polícia Civil de Campinas está ouvindo na manhã desta sexta-feira (17) a vizinha da mulher investigada de levar o companheiro de 92 anos morto a uma agência bancária do Banco do Brasil no Centro da cidade no início desse mês.
A mulher, Josefa de Souza Mathias, de 58 anos, também foi intimada mas até a publicação dessa matéria (11h30) ainda não havia comparecido ao 1° DP (Distrito Policial) de Campinas, no Botafogo. Ela deveria depor às 9h30.
De acordo com o delegado do caso, Cícero Simão da Costa, além da vizinha e da mulher, foram intimados a depor, o suposto companheiro da vizinha e também o segurança do banco que ajudou a socorrer o homem já morto. O casal de vizinhos foram à agência bancária acompanhar a suspeita.
O caso foi revelado na ontem (16), após o laudo necroscópico ser concluído e indicar que, de fato, o aposentado estava morto há no mínimo 12 horas quando chegou ao banco. No dia do ocorrido, a mulher levou o companheiro em uma cadeira de rodas para fazer a prova de vida para recebimento da aposentadoria. Ela pediu ajuda a um casal de vizinhos, que também está sendo investigado e deve depor novamente.
Segundo funcionários do prédio, o homem não costumava andar de cadeira de rodas e eles moravam em apartamentos diferentes no prédio.
Quando foi ouvida pela primeira vez, ela disse à polícia, que foi ao banco porque precisava fazer uma movimentação bancária na conta do suposto marido, com quem estaria há 10 anos, porém havia esquecido a senha de letras. A mulher seria a responsável pela movimentação da conta bancária do homem, mas não tinha nenhuma procuração para isso.
COM PRESSA
Na agência, a mulher teria tentado ser atendida rapidamente, passando a afirmar que o idoso estava passando mal. As testemunhas acionaram o Samu, que constatou o óbito e levantou a suspeita sobre o estado da vítima, que aparentava estar morta há mais tempo devido ao estado cadavérico do corpo e por causa do inchaço dos pés.
Após essa suspeita a Guarda Municipal foi chamada e a mulher encaminhada ao 1º Distrito Policial, no Botafogo. "Ela entra em contradição quando afirma que conversou com ele pela manhã. Por isso, vamos ouvir todos novamente, agora com o laudo em mãos. Precisamos entender a razão disso, se a vítima estava muito debilitada", disse o delegado.
Outra contradição seria a afirmação de que ela comprou a cadeira de rodas no dia anterior, apesar de falar que o companheiro estava bem de saúde.
Os funcionários do prédio disseram que, de fato, o homem era pacato e costumava ficar no hall de entrada do edifício. Eles não confirmaram no entanto se o casal tinha problemas ou discutia. A mulher deve ser indiciada por por estelionato e vilipêndio de cadáver (desprezar ou humilhar corpo). O delegado não soube informar o valor da pensão.
POLICIAL
No boletim de ocorrência, a informação é que o caso ocorreu pouco depois do meio-dia, o que indica que o homem estava morto, no mínimo, desde a meia-noite do dia anterior. O homem era escrivão de polícia aposentado e viúvo.
Em nota, a SPPREV (Pão Paulo Previdência) informou que o benefício do caso citado foi suspenso e será extinto e que possui um Núcleo de Investigações Previdenciárias que tem como objetivo detectar e investigar casos de suspeita de fraudes previdenciárias.
Além disso, o recadastramento do benefício é feito de forma presencial e deve ser realizado com um atendente da SPPREV ou com um funcionário do banco, com apresentação de documento pessoal com foto, reduzindo assim a ocorrência de fraudes.
O BANCO
O Banco do Brasil informou em nota que "atua para mitigar o risco de fraudes nos pagamentos de benefícios previdenciários com medidas como a identificação do cliente por meio de senhas, cartão e biometria. O BB esclarece ainda que cumpriu com todos os protocolos no caso da ocorrência registrada em uma de suas agências em Campinas, o que inclui a apresentação de procuração ou a presença do beneficiário na agência".