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"Ainda há dúvidas sobre a real situação da covid-19 na RMC", diz infectologista


Depois de analisar as oscilações dos números referentes à covid-19 na RMC (Região Metropolitana de Campinas), computadas pelo Observatório da PUC-Campinas, o infectologista André Giglio Bueno afirma que "ainda restam dúvidas sobre a real situação da doença nos municípios".

A declaração veio após a alta no registro de casos e óbitos na penúltima nota. No entanto, na última semana o estudo voltou a mostrar taxas decrescentes sobre os números da doença, o que causou uma grande oscilação em relação ao período anterior, e dúvidas sobre o atual momento da doença na região.  

Na semana de 3 a 10 de outubro o registro foi de 136 novos óbitos na RMC, um pico alto depois de registrar 65 mortes na semana anterior - número que até então estava em queda por duas semanas seguidas. Já na última semana, de 10 a 17 de outubro, foram computadas 51 vítimas fatais, com variação negativa de 62,5%.  


Já em relação à análise de casos, a diferença foi menos significativa. Segundo o observatório, a variação foi negativa em 2,3%. Com 2.097 casos na semana de 10 a 17 de outubro, contra 2.147 na semana anterior.   

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Gráfico mostra pico de aumento na penúltima semana (Foto: Divulgação Observatório da PUC)


"Como não é possível, no momento, ter a informação sobre a data de início dos sintomas desses registros, restam dúvidas sobre a fidedignidade das curvas e real situação da doença nas cidades", afirmou Bueno, ressaltando que faltam dados mais precisos sobre as mortes nos municípios.  

"Seria interessante que, assim como ocorre em Campinas, fossem divulgados periodicamente os boletins com os dados mais precisos dos municípios, com as curvas de casos organizadas pelas datas de início dos sintomas, separação entre síndrome gripal e síndrome respiratória aguda, e, ainda, as taxas de ocupação de leitos intensivos e de enfermaria", disse, afirmando que seria uma forma de ter uma análise mais precisa sobre a situação da doença na região.  

Em Campinas, a cidade manteve o ritmo das últimas semanas, sem grande oscilações. No entanto, para o especialista, é possível notar menor queda nos índices na cidade. "Aparentemente a intensidade de queda ficou menor desde setembro. Pode ser reflexo das flexibilizações, e é algo pra ser observado com cautela", afirmou.  

De acordo com o infectologista, as diferenças nos números foram notadas com maior diferente em algumas cidades, o que pode também ser resultado de atrasos na divulgação.  

"Foi um ponto fora da curva. Observamos que ocorreu de forma mais expressiva em alguns municípios, pode ter tido algum atraso, e esperamos que tenha acontecido algo desse tipo. Obviamente a progressão da flexibilização é algo preocupante no sentido de aumentarem os casos novamente, mas até o momento não parece que ocorra ainda" afirmou.

"POR CAUSA DA ELEIÇÃO"

Segundo Bueno, em qualquer pandemia há grau de subnotificações, sobretudo quando há casos de pessoas assintomáticas, ou com sintomas leves da doença, e que acabam ficando fora das estatísticas. No entanto, o número de subnotificações não parece ser significativo neste momento.  

Questionado sobre os argumentos mais citados pela população, de que os números da doença têm diminuído por causa do período eleitoral, o especialista declarou que é uma teoria pouco provável, que coloca em dúvida a seriedade das equipes médicas.  

"Conhecendo a vigilância e as pessoas que trabalham com isso, é muito pouco provável que isso esteja ocorrendo. O fluxo de informação é bastante rigoroso e os municípios são cobrados para esse rigor, então mesmo em período eleitoral, é muito pouco provável que haja manipulação ou omissão desses dados", afirmou.

BALANÇO

Até último dia 17, data de encerramento da 42ª Semana Epidemiológica, o DRS (Departamento Regional de Saúde) de Campinas, que congrega 42 cidades, apresentava 111 mil casos e 3,5 mil mortes, sendo que a RMC contabilizava 82,5 mil infectados, dos quais 2,6 mil foram vítimas fatais da doença e Campinas, epicentro da pandemia em números absolutos, registrou 82 mil casos, que levaram 1.287 pessoas a óbito. 

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