Com receio de ficarem no prejuízo, alguns produtores de flores da região de Campinas revelaram que diminuíram a produção em cerca de 20% para o feriado de Finados neste ano, celebrado na segunda-feira (2).
Eles acreditam que a condição em que cada cidade está no plano de flexibilização dos Estados e a autonomia para decidir se abrem ou não os cemitérios no Dia de Finados trouxeram reflexos diretos na comercialização de flores durante o feriado.
Isso porquê, enquanto alguns municípios já anunciaram que os cemitérios estarão fechados e a visita aos túmulos proibidas para evitar aglomerações, outros vão mantê-los abertos com algumas restrições. Mas há ainda cidades que optaram por antecipar e diluir a visitação durante esta semana, antecedendo a data.
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Em Campinas, os cemitérios terão o horário de funcionamento ampliado, e ficam abertos para a visitação, entre hoje (31) e segunda-feira (2), das 6h às 18h. Já o Mercado de Flores funcionará segunda, das 8h às 16h30.
Erick Johannes Steltenpool, produtor no Ceaflor, mercado localizado no Circuito das Flores, na região de Holambra, revela que diminuiu a produção em cerca de 20%, mas muito mais por falta de espaço do que de mercado.
"Produzimos 126 mil vasos no total, entre crisântemo, kalanchoe e calandiva para Finados ao invés dos 160 mil habituais, e já vendemos tudo. Se tivéssemos mais 40 mil disponíveis, venderíamos facilmente", contou, explicando que isso se deu em função de muitas das cidades que abastece, no interior de São Paulo e do Paraná, não terem adotado restrições aos cemitérios.
A produtora Hilda Yscava também procurou ser cautelosa nesses tempos de pandemia e diminuiu a produção em 20%. Para este Finados colocou à disposição do mercado 60 mil vasos da flor, já comercializou tudo junto a atacadistas e supermercados de diferentes regiões do País, mas considera que sua cautela foi assertiva.
"Se tivesse produzido os 20% que optamos reduzir, certamente haveria sobra do produto", afirmou. Isto porque, explica, embora em algumas regiões atendidas a visitação em cemitérios será normal, em muitas outras poderá haver restrições, e isso levou os varejistas a optarem por não correr o risco de perdas.
Receio
Já o produtor Dirceu Hasimoto foi ainda mais radical na redução. Ele conta que reduziu em 75% a produção de crisântemos em relação ao ano passado, e que parte dos 25% efetivamente produzidos para a data este ano correm o risco de encalhar, pois não está seguro de que conseguirá escoar tudo.
"Muitos lugares das regiões que abastecemos nos estados do Sul e de São Paulo não vão abrir seus cemitérios, justamente porque o público que faz as visitas aos túmulos é constituído, em 80% dos casos, de pessoas mais velhas, justamente as que estão no grupo de riscos da covid-19", comentou.
Somado a isso, a incerteza dos varejistas em relação à permissão de abertura ou não, tem levado muitos a desistir da compra para não ficar no prejuízo.