Caso Mariana Ferrer: Campinas tem 1 estupro a cada 2 dias
Reprodução: ACidade ON
Caso Mariana Ferrer: Campinas tem 1 estupro a cada 2 dias

Desde o começo do ano, a cidade de Campinas teve 1 estupro a cada dois dias, em média, revelam dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo. O número é o compilado de janeiro a setembro relativo a casos de estupro e de estupro de vulnerável - este último como o caso de Mariana Ferrer, que ganhou o noticiário após uma sentença de "estupro culposo" pela Justiça de Santa Catarina (leia mais abaixo).

Com a repercussão do caso, mulheres de Campinas marcaram um protesto pedindo justiça para a vítima no próximo domingo (8), às 10h, no Largo do Rosário, no Centro . Em Santa Catarina, Mariana acusa o empresário André de Camargo Aranha de estupro durante uma festa em 2018. Ele foi considerado inocente.

Em Campinas, de janeiro a setembro, foram 146 casos de estupro e estupro de vulnerável. São 48 ocorrências de estupro e 108 de vulnerável. O mês com mais casos foi junho (8 estupros) e agosto (22 estupros de vulnerável).

Em 2019, no mesmo período, o total foi de 132 casos, sendo que o estupro de vulnerável também foi maior (94). O aumento é de 10,6% neste ano.  

INVESTIGAÇÃO DE CONDUTA

No caso de Mariana, a Corregedoria Nacional de Justiça instaurou na terça-feira (3) apuração sobre a conduta do juiz Rudson Marcos, do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), na audiência do processo criminal movido pelo Ministério Público.

A audiência do caso repercutiu pela forma como a jovem foi tratada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, defensor de André Aranha, e motivou apuração também em outras instâncias. O vídeo da audiência foi revelado pelo site The Intercept Brasil.  

"ESTUPRO CULPOSO"

Para a advogada Fábia Bigarani, presidente da Mulher Advogada da OAB de Campinas, a audiência que culminou a sentença do juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, foi de "extrema brutalidade".

"O maior abuso, constrangimento, humilhação foi no ato de audiência criminal, na qual teria que ter sido nomeada uma promotora para acompanhar a Mariana. Uma mulher sabe o que ela sofreu. Se você pergunta quantas vezes uma mulher tem medo de ser estuprada, a resposta é 'toda hora'. Homem só quando é preso que tem medo", disse ela.

Fábia disse ainda que a situação onde Mariana estava era totalmente misógina e masculina e quem deveria defendê-la, o MP, também não a acolheu. Sobre o termo "estupro culposo", criado pelo The Intercept, a advogada afirma que de fato ele não existe pois não há registro dele no ordenamento jurídico.

"'Estupro culposo' não é citado mas porque ele não existe no ordenamento jurídico. Foi o termo que a mídia criou para explicar a sentença, que diz que não houve intenção de estuprar e não houve intenção de causar dano. Mas o estupro por si só já é um ato doloso", afirmou.

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