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Campinas teve 570 ocorrências de violência contra mulheres ao longo deste ano.
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Campinas teve 570 ocorrências de violência contra mulheres ao longo deste ano.


De janeiro a setembro deste ano, a Prefeitura de Campinas recebeu o registro de 570 ocorrências de violência à mulher. Os dados foram apresentados nesta semana pela Secretaria Municipal de Saúde, em uma edição especial do Boletim Sisnov (Sistema de Notificação de Violência em Campinas), e representa que a cada 11h uma mulher é sofre algum tipo de violência na cidade.

Do total de ocorrências recebida pela Saúde, 277 foram de agressões físicas, 96 sexuais e outras 96 foram de tentativa de suicídio.

Segundo o balanço, a maior parte das vítimas tinha a faixa etária dos 20 aos 29 anos, idade que teve registro de 204 casos. Outras 183 vítimas tinham entre 30 e 39 anos, e 183 entre 40 e 49 anos.

Das ocorrências, os companheiros aparecem como os maiores responsáveis pelas agressões, sendo que neste ano os cônjuges foram responsáveis por 270 das 570 notificações. Entre outros autores aparecem conhecidos, pessoas com relação familiar e desconhecidos.

Segundo a Prefeitura, os dados deste ano apontam uma tendência para que o número chegue ao mesmo patamar de 2019, quando foram registradas 763 notificações. Apesar de alto, no último ano houve uma queda no registro de ocorrências em comparação com 2018, quando foram recebidas 993 notificações.  

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SUBNOTIFICADOS

Para Fábia Bigarani, Presidenta da Comissão da Mulher Advogada da OAB Campinas, o número de ocorrências mostra apenas uma pequena parte dos registros de violência doméstica que acontecem.

""É ainda muito subnotificado porque esses são dados que se têm registro de denuncias, são dados oficiais, mas são subnotificados porque o número de agressões, violência doméstica e até de tentativas de suicídio é muito maior que isso, só que ainda a grande parte das mulheres não faz a denúncia, não procura ajuda", afirmou.

Segundo a advogada, a falta de denúncia faz com que o boletim possa apresentar uma falsa sensação de queda nas ocorrências, quando na verdade o que se tem visto é aumento dos casos de violência, agravado pelo aumento do silenciamento das vítimas e capacidade limitada das mulheres procurarem ajuda.

"O número de denuncias caíram, mas o número de violência doméstica aumentou. Não é que não esteja acontecendo, a violência doméstica está atingindo patamares elevados, mas o que acontece é que a mulher que sofre esse tipo de violência se encontra atualmente dentro de casa com o agressor, então a capacidade dela se manifestar ficou muito mais restrita. Os registros diminuíram porque as vítimas muitas vezes têm medo de sair de casa, não tem pra onde ir, então hoje em dia pensa em todos esses aspectos por causa da pandemia e sofre calada" acrescentou.

CANAIS

No Sisnov, são recebidas denunciam de Prontos Atendimentos, Prontos-socorros, Centros de Saúde, CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), e hospitais, que representam 48% das notificações.

O restante dos chamados chega através da Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos ficaram com 34%, sendo o Ceamo (Centro de Referência e Apoio à Mulher) o principal notificador. Setores de segurança e hospitais privados são outros setores também responsáveis pelo encaminhamento de denúncias.  

"É importante para a mulher saber que há canais de denúncia, que ela não está sozinha. A principal medida a ser tomada para parar a violência é a denúncia. O 180 é fundamental, a 2ª DDM funciona 24h", afirmou Fábia. "As informações sobre quais os canais são os canais de denúncia, quais órgãos que podem procurar ajuda, ainda estão muito abaixo do desejado e do esperado, e isso contribui para limitar a capacidade da vítima se manifestar", completou.

As denúncias de violência podem ser feitas através do número 180, através das DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) de Campinas, e no Ceamo, por telefone ou por WhatsApp no número (19) 9-8326-5386.

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