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Knobel faz balanço positivo de gestão mas aponta gargalo financeiro no HC.
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Knobel faz balanço positivo de gestão mas aponta gargalo financeiro no HC.

A dois meses de sua saída de uma das instituições de ensino e pesquisa mais importantes do país, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel , avaliou como positiva sua gestão à frente da universidade nos últimos quatro anos. Porém, destaca que ainda existe um gargalo financeiro na área de saúde, especialmente ligada ao HC (Hospital de Clínicas) de Campinas .

Inclusive, a unidade de saúde tem atuado, desde o início da pandemia de coronavírus, como referência regional. Knobel concedeu entrevista ao ACidade ON Campinas na tarde desta segunda-feira (15), via videoconferência, e fez um balanço das ações que registrou na Unicamp.

Para ele, entre os destaques estão o reequilíbrio financeiro da instituição, além dos avanços de acesso à democratização ao ensino, como por exemplo, o vestibular indígena e o sistema de cotas aprovado em 2017. Ele também citou o aumento de recursos de bolsa de permanência para os estudantes.

"Tivemos uma gestão marcada por dificuldades, principalmente um problema político, no começo da gestão, e depois financeiro. E quando parecia que estávamos saindo da crise, veio a pandemia. Mas estamos entregando a reitoria em uma situação de equilíbrio financeiro", afirmou.

ÁREA DA SAÚDE

Apesar da agenda positiva, Knobel admitiu que existe um impasse em relação ao custo operacional dos serviços de saúde, entre eles no HC, Caism (Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti), Hemocentro e Gastrocento. Isso porquê, apesar de ser custeado 100% pelo SUS, a tabela de valores está desatualizada.

Com essa defasagem, o custeio fica em parte para a Unicamp, sendo de 25% a 30% do total. "É um papel que a universidade não devia estar carregando. Deveríamos ter uma obrigação de ter uma boa escola, e não o peso de carregar um hospital de referência (para a região)", disse ele.

Sobre o caso, Knobel disse também que antes da pandemia haviam tratativas, principalmente, com a Secretaria Estadual de Saúde, para resolver o problema em conjunto. Isso também poderia ser dividido com as prefeituras da região de Campinas, que enviam pacientes para o HC, por exemplo, mas não colaboram com o custeio do hospital.

"No HC da USP, em São Paulo, existe um financiamento do governo do Estado. Os funcionários são do governo, não da universidade. Isso também ocorreu de forma gradual na Unesp", disse ele. A Secretaria Estadual de Saúde foi procurada para comentar o caso e não retornou o pedido de informação até a publicação desta reportagem. 

APOSENTADORIAS

Outra questão citada por Knobel é o aumento de aposentadorias de servidores da Unicamp que ocorreu nos últimos anos, aumentando o repasse feito somente para a folha de pagamento. "Há 10 anos, tínhamos um comprometimento de aproximadamente 15%, 20%. Hoje esse número é de 40%", afirmou.



Segundo ele, é de fundamental importância que se mantenha o pagamento de funcionários que contribuíram ao longo dos anos, mas essa restrição orçamentária traz um passo lento para novas contratações. Entre as necessidades estão trabalhadores para bibliotecas da Unicamp e também técnicos em laboratório, além de maior financiamento para pesquisas e inovações tecnológicas.

"Tínhamos um plano de fazer contratações em 2020, mas veio infelizmente uma lei complementar, a 173, que proibiu novas contratações e a progressão na carreira. Elas estão congeladas. E isso, a médio e longo prazo, será sentido", avaliou.

PANDEMIA

Knobel também afirmou que não vê ainda uma "luz no fim do túnel" para a pandemia de covid-19, mas acredita que quando os índices melhorarem, a Unicamp deve adotar o plano de retomada, suspenso por conta do avanço de casos e mortes. "Nosso plano está muito bem estruturado. Vamos testar todos, priorizar os estudantes do último ano e os calouros, que não tiveram oportunidade de conhecer o ambiente escolar", disse.

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