A variante britânica do coronavírus foi detectada em amostras de pacientes infectados na região de Campinas . A pesquisa divulgada ontem (24) encontrou amostras com a nova cepa em Americana e Valinhos . A secretaria de Saúde de São Paulo diz ainda não contabilizar esses casos.
Essa é a primeira vez que essa variante é detectada na região. Em Campinas, a Prefeitura confirmou neste mês um caso da nova variante brasileira identificada pela primeira vez em Manaus. Tirando a metrópole, então nenhuma outra cidade da região tinha tido registro dessas variantes.
O estudo que detectou a nova cepa foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em parceria com a Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Instituto Hermes Pardini e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Segundo a pesquisa, essa variante foi identificada em 16 cidades brasileiras. De acordo com os pesquisadores, foram sequenciados 25 genomas pertencentes à variante originária do Reino Unido, conhecida como linhagem B.1.1.7. O levantamento foi realizado a partir de amostras de um banco de dados composto por 740 mil exames disponibilizados pelo Instituto Hermes Pardini.
Além de Americana e Valinhos, a variante foi encontrada na cidade de São Paulo, Santos, Belo Horizonte (MG), Betim (MG), Araxá (MG), Barbacena (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), Primavera do Leste (MT), Aracajú (SE), São Sebastião do Passe (BA) e Barra do São Francisco (ES).
Segundo os pesquisadores, os resultados indicam a presença da variante nos oito estados, mas ainda não é possível dizer se ela está circulando nesses locais e em qual frequência. Estudos para responder essas perguntas estão sendo conduzidos e devem ser concluídos nas próximas semanas.
SECRETARIA NÃO CONTABILIZA
Procurada, a secretaria estadual de Saúde disse que a confirmação de novas variantes do coronavírus ("cepas" ou "linhagens") é um instrumento de vigilância que contribui para o monitoramento da pandemia de covid-19, e que tem até o momento oito confirmações da cepa britânica, mas nenhum nas cidades citadas.
Segundo a Saúde somente 1 caso da Capital é autóctone e os demais são importados. Sobre a cepa de Manaus, São Paulo contabiliza 16 casos autóctones: 1 na Capital; 3 em Jaú; 12 em Araraquara. Os demais são importados: Manaus (7); Belém do Pará (1), Roraima (7), Águas de Lindoia (1), Capital (6); Campinas (1).
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Segundo o estado, a confirmação de variantes ocorre por meio de sequenciamentos genéticos realizados por laboratórios como o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
"Soma-se a isso o trabalho de Vigilância Epidemiológica para investigação dos casos, como históricos de viagens e contatos. Esta identificação contribui para as estratégias de vigilância, não sendo necessário do ponto de vista técnico e científico sequenciamentos individualizados uma vez confirmada a circulação local da variante" diz a nota.
O QUE DIZEM AS CIDADES?
A Vigilância de Valinhos foi procurada e disse que ainda não foi informada e não tem a confirmação sobre o caso da nova variante na cidade. A Prefeitura afirmou que já solicitou aos laboratórios os resultados dos exames.
Americana foi procurada pela reportagem, mas até agora não retornou.
VARIANTE
A variante inglesa foi identificada em dezembro do ano passado por autoridades sanitárias do Reino Unido e é considerada mais contagiosa do que a versão original do novo coronavírus. Ela já se disseminou por 60 países, segundo informe da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Há outras duas variantes em circulação que tem mobilizado a atenção de especialistas, uma delas originada no Brasil, na cidade de Manaus.
Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que, até o último sábado (20), já foram detectados 184 casos de infecção envolvendo essa linhagem, distribuídos por todas as regiões do país. Uma nova cepa detectada na África do Sul também tem sido motivo de preocupação internacional.
Um teste com o protocolo PT-PCR capaz de apontar se a pessoa foi contaminada por uma das três variantes que geram preocupação foi desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição científica vinculada ao Ministério da Saúde. O Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) já firmou acordo para ser o primeiro a usar o produto.