Com a chegada das vacinas, as medidas sanitárias de combate ao novo coronavírus foram afrouxadas em todo o país. Para especialistas, a ideia de imunização fez com a população acreditasse que o vírus desapareceria. Mas não é bem assim. A vacinação não acabará com a covid-19 que hoje está em seu pior momento no país com sucessivos recordes de mortes.
Segundo a médica patologista Juliana Oba, além das vacinas não terem a função de eliminar o vírus, ainda não se pode afirmar que elas fornecerão proteção a longo prazo, tão pouco se o vírus deixará de circular. Mas é de extrema importância que todos sejam imunizados para reduzir as mortes e os casos graves.
"A vacinação tem dois grandes objetivos. Havendo infecção pelo coronavírus, a vacina protege a pessoa contaminada de sintomas mais graves, evitando hospitalizações e mortes. Além disso, visa reduzir a contaminação de mais pessoas. Quanto maior o número de pessoas vacinadas, menor o risco de doença e menor a circulação do vírus", destaca.
A especialista acrescenta que a diminuição da circulação do vírus só será possível quando for alcançada a imunidade de rebanho que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) já alertava, não ocorrerá neste ano, mesmo com as vacinas.
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A OMS também já alertou que o coronavírus pode se tornar endêmico, ou seja, há o risco de nunca desaparecer. Assim como o vírus da gripe, é possível que seja necessário fazer campanhas de vacinação contra a covid-19 todos os anos.
A ideia de campanhas anuais é corroborada pelo médico infectologista Valdemar Lino Chaves Filho. "A vacina não acabará com o vírus ele continuará no nosso corpo, porém incólume pela proteção do imunizante, por isso acredito que será necessária a vacinação anual como é o caso da vacina da gripe", pontua.
De acordo com o infectologista, é importante destacar que o indivíduo vacinado ainda pode transmitir o vírus para outra pessoa não vacinada, o que dificulta a "extinção" do vírus. "Pode acontecer também do paciente já vacinado contrair uma mutação do vírus e a vacina a qual ele tomou não oferecer imunização para essa nova cepa (nova variante do vírus)".