Covid-19 está matando mais pessoas de faixas de idade menores.
Fernanda Sunega/Prefeitura de Campinas
Covid-19 está matando mais pessoas de faixas de idade menores.

Com a alta no contágio da covid-19, Campinas tem registrado nas últimas semanas aumento nos casos confirmados e internações em jovens e adultos. O cenário ainda assusta pelo crescimento de vítimas fatais: só em março, que ainda não terminou, 23 jovens e adultos com menos de 40 anos já perderam a vida para a doença.

Neste mês, ainda estão entre as vítimas ainda uma criança e dois adolescentes que morreram em decorrência da covid-19, sendo um menino de cinco anos, uma adolescente de 13 e uma de 16. Duas delas morreram de síndrome pós-covid.

O levantamento foi feito pelo ACidade ON tendo como base os boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria de Saúde, do dia 1º até a última sexta-feira (26). Ainda de acordo com o boletim, a maior parte dessas vítimas tinha algum tipo de comorbidade- mas nem todos, sendo que cinco não registravam nenhuma doença prévia.

Ainda observando os números das vítimas fatais, nesse mesmo período, ocorreram 106 óbitos registrados em pessoas abaixo dos 60 anos (considerados não idosos). Ao todo, desde o início da pandemia, Campinas registrou 429 mortes em pessoas com menos de 60.

O alto número de mortes em pessoas mais jovens neste mês vai de encontro as constantes declarações dadas pelos gestores de Saúde da cidade. No começo desse mês a Prefeitura já havia informado que o número de mortes por covid-19 em pessoas com menos de 60 anos em 2021 já tinha aumentado em comparação com os primeiros meses da pandemia, em 2020 (leia mais abaixo).

Em um vídeo gravado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Mario Gatti, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos) alertou para a internação maior de jovens na unidade. "É uma situação extremamente dramática. Essa doença está cada vez mais terrível, e agora está afetando mais os jovens. Nós temos muitos pacientes jovens que estão intubados, prestes a morrer por conta dessa doença" declarou.

Por conta do aumento de contaminação, grande parte desses pacientes acabam também precisando de vagas em UTIs, cenário que não era comum na primeira onda de infecções da pandemia e preocupa a saúde.

Além de estar com 100% de leitos municipais lotados e ter fila de espera de pacientes, dois a cada três pessoas que vão para a UTI acabam morrendo.

O AUMENTO

O aumento nas internações e mortes em pessoas mais jovens tem sido indicado desde o começo do mês. No dia 4 de março, a Vigilância citou que desde o início do ano já haviam 54 mortes nesta faixa etária, com alta de quase 60% comparado com os três primeiros meses da pandemia no ano passado. Já em relação as internações, a Saúde mostrou o aumento de 48%.

"É muito triste ver jovens sendo intubados, por isso todos temos que nos conscientizar de que o que estamos passando não é brincadeira, por isso, cuidem-se", disse o prefeito no dia.

MAIS EXPOSIÇÃO 

Para a infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi, o aumento no número de pessoas mais jovens contaminadas pode estar relacionado à maior exposição ao vírus, e até mesmo em uma nova variante em circulação.

"Realmente é um número muito maior de pacientes jovens que chegam com uma gravidade muito grande. Um dos motivos é que é a camada da população que se expõe muito mais" disse. "Esse vitus também está transmitindo muito fácil e talvez com uma carga viral mais alta, porque sabemos que essas variantes também podem se relacionar com esses casos mais graves" explicou.

TRATAMENTO PRECOCE  

Além da variante que pode ser relacionada ao aumento de casos, Raquel cita a medicação imprópria que vem sendo feita por esse grupo.

"Nós temos relatos de todos hospitais que comentam que muitos desses pacientes chegam já com uso de medicações que consideravam úteis, de tratamento precoce que são inúteis, e muitos desses tratamentos precoces inserem corticoides na fase inicial da doença e isso contribui para agravamento maior do quadro clínico. Eu acho que essa maior exposição e o uso de corticoides pode ser responsável por essa evolução mais grave" complementou.

LISTA DOS ÓBITOS EM PESSOAS COM MENOS DE 40 COMPUTADOS NESTE MÊS: 

Homem de 29 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 2 de março.  
Homem de 29 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 4 de março.
Homem de 34 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 4 de março.   
Homem de 36 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 7 de março. 
Mulher de 39 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 7 de março. 
Homem de 23 anos. Não tinha comorbidades. Morreu dia 7 de março.  
Homem de 31 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 9 de março.   
Homem de 30 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 9 de março.
Homem de 27 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 7 de março.
Mulher de 34 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 11 de março.
Homem de 36 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 13 de março.   
Mulher de 16 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 15 de março.    
Homem de 37 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 14 de março.  
Homem de 39 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 3 de março. 
Mulher de 31 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 16 de março.  
Mulher de 33 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 11 de março.  
Mulher de 13 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 22 de fevereiro. 
Homem de 38 anos. Não tinha comorbidades. Morreu dia 24 de março.  
Criança (sexo masculino) de 5 anos. Não tinha comorbidades. Morreu dia 19 de fevereiro.  
Homem de 38 anos. Não tinha comorbidades. Morreu dia 22 de março.   
Homem de 38 anos. Não tinha comorbidades. Morreu dia 20 de março. 
Mulher de 35 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 18 de março.
Mulher de 38 anos. Tinha comorbidades. Morreu dia 18 de março

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