Cooperativa de Reciclagem Unidos na Vitória.
Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas
Cooperativa de Reciclagem Unidos na Vitória.

Campinas registrou uma queda de 60% na quantidade de material reciclável recebido pelas cooperativas da cidade, conforme levantamento feito pela secretaria municipal de Serviços Públicos. Antes da pandemia, eram coletadas em média 600 toneladas por mês. Hoje são coletadas apenas 240 toneladas. 

De acordo com a pasta, esta é a primeira vez que a cidade registra uma queda tão grande desse material. O engenheiro do Departamento de Limpeza Urbana de Campinas, Fábio Gonzaga, acredita que um dos motivos para a baixa na quantidade foi a pouca circulação de pessoas nas ruas da cidade durante a quarentena causada pela pandemia do coronavírus.

"É a maior redução que a gente já teve em Campinas. A pandemia diminuiu o poder aquisitivo da população, muitas pessoas ficaram desempregadas e sem poderem ir para as ruas, e isso fez com que caísse a quantidade de material gerado nas casas".

Outra explicação apontada pelo engenheiro foi a paralisação na coleta no ano passado. "O programa parou por orientação da Secretaria Municipal de Saúde e as pessoas que estavam habituadas a separar o material deixaram de separar".

Na época, a paralisação da coleta seletiva ocorreu por conta da dúvida sobre o risco de contaminação por covid-19 durante o manejo dos materiais. Com isso, muitas pessoas ficaram sem renda e protestaram. 

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Para solucionar o problema, foram criadas medidas de segurança, ensinando os coletores sobre uso de equipamentos de proteção e distanciamento social. A coletora de materiais recicláveis Patrícia dos Santos conta que sentiu dificuldade nesse período. "É bem complicado porque a gente sente a necessidade do dinheiro para pagar as contas, e o medo de perder o emprego". 

DESCARTE IRREGULAR 

Além de influenciar na renda das famílias que dependem da reciclagem para sobreviver, a queda também prejudica o meio ambiente, já que o material que não chega nas cooperativas muitas vezes acaba sendo jogado de forma irregular nas ruas e em terrenos baldios. 


Sobre isso, o professor de economia solidária Dimas Gonçalves explica que os resíduos sólidos interferem em três dimensões: econômica, social e ambiental. 

"Na econômica nós temos dinheiro jogado no lixo todos os dias. Todos os materiais que são separados geram riqueza e renda. Na parte social, a coleta inclui um público que não encontra mais atividades no mercado normal de trabalho. Na parte ambiental, a coleta evita a poluição em terrenos".

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