O estudo da vacina Covaxin, produzida na Índia, em Campinas, deve contar com a participação de 1 mil voluntários, de acordo com o Ipecc (Instituto de Pesquisa Clínica de Campinas). A fase 3 de ensaios clínicos está prevista para ser feita em julho, pois ainda depende da entrega de insumos ao país.
No total, 7 mil moradores de Campinas se inscreveram para participar da pesquisa científica
, que deve recrutar no total 4,5 mil voluntários em todo o Brasil. De acordo com o diretor de pesquisas do Ipecc, José Francisco Kerr Saraiva, o estudo é feito em parceria com o Hospital Albert Einstein, na capital - que será responsável pela importação da vacina.
Esses testes, inclusive, deveriam ter sido iniciados em maio, mas os imunizantes contra a covid-19 não foram ainda enviados pelo laboratório indiano Bharat Biotech. O ensaio clínico foi liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no dia 13 de maio.
COMO SERÁ
A pesquisa deve aplicar a vacina ou o placebo em pessoas com idades entre 18 e 45 anos. O grupo não saberá se foi o imunizado ou recebeu o placebo.
Em Campinas, foram chamados moradores nesta faixa etária, mas conforme o PNI (Plano Nacional de Imunização) avançou, o grupo também deve acompanhar a mudança.
"Nesse número de 7 mil pessoas teremos alguns problemas, pois achamos que muitos já terão sido vacinados pelo PNI do governo. Então talvez esse número seja bem menor. De qualquer forma, o cadastro continua aberto e vamos vacinar cerca de 1 mil", disse Saraiva.
O estudo leva um mês entre a aplicação da primeira e da segunda dose. Depois, será mais um ano de acompanhamento de cada paciente para revelar o que foi dado a eles. Caso chegue a vez da pessoa ser imunizada pelo PNI, ela deverá contactar o Ipecc para descobrir se existe a necessidade ou não de tomar uma nova vacina.
"É muito importante a população ter consciência da importância dos estudos de vacinação e a consciência da vacina, para que todos sejam vacinados e, assim, podermos realmente sair dessa pandemia. Com 500 mil mortos está complicado", afirmou o médico.
A COVAXIN
A Covaxin é fabricada pela indiana Bharat Biotech e representada no Brasil pela Precisa Medicamentos. No dia 21 de abril, foi divulgado que a vacina indiana possui eficácia de 100% contra casos graves da Covid-19.
Além disso, a eficácia global do imunizante, contra qualquer tipo de caso leve ou moderado, foi de 78%. Houve proteção também de 70% para casos assintomáticos da doença.
GOVERNO BOLSONARO
O MPF (Ministério Público Federal) desmembrou e transferiu na terça-feira (22) a investigação sobre a compra da vacina indiana Covaxin ao identificar indícios de crime no contrato entre o Ministério da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro e a Precisa Medicamentos.
O preço elevado é uma das razões para a necessidade de investigação criminal, segundo o MPF.
O valor é superior aos da negociação de outras vacinas no mercado internacional, como a Pfizer, conforme o despacho da Procuradoria. No Brasil, a dose da Pfizer saiu por US$ 10.
Já o contrato da Precisa Medicamentos com o Ministério da Saúde para o fornecimento de 20 milhões de doses da Covaxin saiu a um preço individual de US$ 15.
Sobre o caso, a Precisa afirmou que "jamais promoveu qualquer tipo de pressão e não contou com vantagens durante esse processo". Disse ainda que o contato com o servidor foi "de ordem técnica, para a confirmação de recebimento de documentação, seguindo o protocolo do ministério".
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que respeita a autonomia da Anvisa e que não faz pressão para aprovação de vacinas. (Com informações da Folhapress)