No dia em que se celebra o Dia do orgulho LGBTQIA+, 28 de junho, o Centro de Referência de Campinas aponta um dado preocupante. Nos últimos dois anos, houve aumento de 83% na violação de direitos dessa comunidade. O comparativo é entre os anos de 2019 e 2021.
Segundo o levantamento, em 2019 foram registrados 23 casos de violação de direitos por mês, em média. Ano passado, este número aumentou para 38 casos mensais e, neste ano, a média até o momento é de 42 casos por mês.
São contabilizados nestas ocorrências casos como ameaças, agressões físicas, psicológicas e homicídios.
"Há ainda o próprio preconceito e discriminação contra essas pessoas em vários espaços. Então, tudo isso está englobado nestes números", afirmou a coordenadora do Centro Valdirene dos Santos.
VIOLÊNCIA
A drag queen Jaqueline Ramirez já passou por muitas situações de violência em doze anos de carreira. A pior delas foi uma agressão física, que aconteceu pouco depois de uma apresentação na capital. "Passou um cidadão e me agrediu, me bateu. Me deu um murro no meio da cara, me jogou no chão, e eu desmaiei. Eu já estava montada. Essa é a experiência mais traumática que já tive", contou.
Ela hoje mora em Campinas e se considera uma pessoa transgênero não binária. Para Jaqueline, a violência mais comum vivida é a simbólica. "A primeira violência é a exclusão. A exclusão familiar, a exclusão escolar e a exclusão do mercado de trabalho", afirmou.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
A coordenadora do Centro de Referência LGBT de Campinas afirmou também que a maioria das pessoas sofre de violência psicológica da própria família, agravada agora pela pandemia de covid-19 em alguns núcleos familiares.
"As pessoas estão muito mais em casa, muito mais reunidas. Então as famílias acabam, de uma certa forma, agredindo um pouco mais. As discussões são mais intensas dentro do cenário familiar neste momento", explicou.
TRABALHO DE COMBATE AO PRECONCEITO
A travesti Victoria Aisha tem trabalhado contra o preconceito e pelo acolhimento da população LGBTQIA+ na Una (União Nacional LGBT) de Campinas. Um desses movimentos agora tem sido a arrecadação de máscaras e produtos de higiene.
Além disso, quem quiser ajudar, pode participar de uma vaquinha criada pela Una de Campinas para manter a casa coletiva Quilombo 717, criada para acolher pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. O telefone para ajudar é o (19) 99447-0386.
(Com informações da EPTV Campinas)