Campinas está há mais de 30 dia sem chuvas.
Carlos Bassan / Pref. de Campinas
Campinas está há mais de 30 dia sem chuvas.


As cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) estão há mais de 30 dias sem chuvas e esse período de estiagem tem preocupado bastante os especialistas. Segundo o Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp, 2021 tem se mostrado um ano muito seco. Só para se ter uma ideia, a média de chuva da região está 30% abaixo do esperado para o período. 

Para piorar, o mês de julho pode terminar com quase nada de chuva, uma situação que até o fim do ano tende a piorar. "Até agora registramos 580 milímetros de chuva sendo que a média esperada, para o período, é de 838 milímetros", disse Ana Ávila, meteorologista do Cepagri.   

Segundo o centro, existe uma possibilidade de chuva nesta quarta-feira em Campinas , mas com volume bem baixo, com cerca de cinco milímetros de precipitação.

Ainda de acordo com a especialista, comparado ao ano passado - que já foi um ano com baixo volume de chuvas-, a situação é ainda mais crítica. "Por enquanto, podemos dizer que a situação só não é pior do que em 2014 . Para se ter uma ideia, naquela época, há 7 anos, auge da crise hídrica no Estado de São Paulo, registramos 411 milímetros até o mês de julho", explicou. 

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NA REGIÃO

Em Sumaré, o índice pluviométrico de 2021 marcou um volume de chuvas menor do que o registrado em 2014, ano da pior crise hídrica já vivenciada na região Sudeste do país. Os dados foram divulgados pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), responsável por medir o volume de chuvas em todo o estado de São Paulo. 

De acordo com o levantamento, o primeiro semestre de 2014 - auge da crise hídrica, a cidade registrou o volume acumulado de chuvas era de 519 milímetros. O número é 18% superior ao registrado neste ano. 

A BRK Ambiental, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto de Sumaré, informou que a captação de água é feita por quatro mananciais. O principal deles é o Rio Atibaia que é responsável pelo abastecimento de 70% da cidade. Ele está atualmente com o nível em 1,60m. O nível mínimo do Atibaia esperado para esse período do ano é de 1,80m.  

Já os 30% restantes de Sumaré, o abastecimento ocorre pelos mananciais das represas do Horto I e Horto II que operam com 74% e 71% de suas capacidades, respectivamente, sendo que para esse período, o mínimo esperado é de 79% e 81%. Já a represa do Marcelo está com 66% de sua capacidade, quando normalmente nesse período ano fica em 69%. Todas as represas estão em estado de atenção. 

OUTRAS CIDADES DA REGIÃO

Diante desta realidade, além de Sumaré, algumas cidades da região têm se preparado para evitar um cenário de colapso. A reportagem do ACidade ON fez um levantamento sobre como está a situação. Confira abaixo: 

- Em Morungaba, a vazão de água de 2021 está abaixo do que foi registrado durante a crise hídrica. A média para o mês de julho está em 2,40 mil litros por segundo. Em 2014, o nível era maior: 2,88 mil litros por segundo.  

- Em Santo Antônio de Posse foi decretado o racionamento de água no início do período de estiagem. Com isso, determinadas atividades, como lavar a calçada, ou carros, estão proibidas, conforme estabelece o decreto publicado pela prefeitura municipal da cidade. O corte de água acontece todos os dias da semana, no período das 6h às 18h.  

- Em Vinhedo, a Prefeitura está aplicando multas em quem for flagrado desperdiçando água. O decreto prevê multa de R$ 535,83 aos moradores que cometerem as infrações. A fiscalização está sendo feita por técnicos da Sanebavi e agentes da GM (Guarda Municipal). 

- Já em Artur Nogueira, o município está há quatro anos com chuvas abaixo do esperado, e tem fechou o primeiro trimestre de 2021 com 20% menos precipitações que o estimado, o que acende o sinal de alerta. Campanhas de conscientização tem sido necessária para evitar ações como o racionamento de água. A Prefeitura afirmou que a população precisa economizar para não colocar em risco o abastecimento da cidade.  

- Cosmópolis: A vazão média mensal até 21/07/2021 era de 3,55 mil litros/segundo. A vazão média mensal até 21/07/2014: 3,07 mil litros/segundo e a vazão média histórica para o mês de julho: 21,63 mil litros/segundo 

- Em Paulínia e Hortolândia, os municípios estão em estado de atenção. Por isso, é importante continuar com campanhas de conscientização nesses municípios. 

CIDADES COM A SITUAÇÃO CONSIDERADA CONTROLADA

- Americana: Não há previsão de racionamento de água em Americana. Os investimentos realizados pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) garantem o abastecimento dentro do período e da intensidade da estiagem prevista até o momento. 

- Campinas: Hoje a vazão do Rio Atibaia está em 10,12 metros cúbicos por segundo, demanda suficiente para atender a cidade de Campinas. 

- Itatiba: Segundo o DAEE, a vazão média mensal até 21/07/2021 era de 10,27 mil litros/segundo Avaliando a média nesse período de 2014, o volume era de 4,35 mil litros/segundo.  

- Jaguariúna: a cidade marca 1,99 mil litros por segundo com média histórica de 8,55 mil litros por segundo. 

- Monte Mor: neste momento, é necessário apenas ações de conscientização da população com relação ao período de estiagem, mas não apontam a necessidade de racionamento. 

- Pedreira - a SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) informou que realiza uma série de campanhas de conscientização para que a população economize água. 

- Santa Bárbara dOeste: o DAE (Departamento de Água e Esgoto) disse que permanece atento para identificar a necessidade de mudanças e ações mais explícitas de racionamento que podem ser tomadas futuramente. Mas até o momento não viu necessidade de realizar racionamento na cidade. 

- Valinhos: a cidade realiza ações educativas para que as pessoas economizem água durante o período de estiagem. 

- Holambra: campanhas educativas estão sendo realizadas junto à população. 

As cidades de Nova Odessa, Indaiatuba, Engenheiro Coelho não responderam até o fechamento desta matéria.  

DICAS PARA ECONOMIZAR ÁGUA

1- Ao lavar as mãos ou a louça, não deixe a torneira aberta todo o tempo. Isso evitará que vários litros de água tratada sejam desperdiçados 

2- Na hora do banho seja rápido. Cada 5 minutos embaixo do chuveiro ligado consomem aproximadamente 70 litros de água 

3- Antes de lavar a calçada, use vassoura. Jamais use a água da mangueira para "varrer" o chão 

4- Os maiores ladrões de água são vazamentos, torneira pingando e descarga desregulada. Faça manutenção regularmente 

5- A água do último enxágue das roupas, no tanque ou na máquina, pode ser usada para ensaboar tapetes, tênis, cobertores, pisos e calçadas 

6- Quando for viajar, feche o registro do cavalete de entrada de água, evitando desperdícios e vazamentos. 


OPERADOR NACIONAL DE SISTEMA ELÉTRICO - ONS

O nível dos rios que abastecem as hidrelétricas está abaixo da média histórica, e deve permanecer assim até o final deste mês. Isso porque o regime de chuvas do país neste ano deve ser o menor dos últimos 90 anos. O alerta está no relatório do ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico que aponta que todas as regiões do país apresentam reservatórios com níveis abaixo da média histórica.  

Pela estimativa, as regiões Sudeste e Centro-Oeste devem terminar o mês de julho com os reservatórios em 26% da capacidade, ou seja, apenas um quarto do total. A região Sul deve ficar um pouco melhor, com 45%. O Nordeste deve terminar o mês com 53% da capacidade, enquanto a região Norte, que tem nesta época o chamado Inverno Amazônico, a estação de chuvas, está um pouco melhor, com reservatórios em 80%.

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