O jogador de futebol desempregado, Fábio Ferrari, atacante de 23 anos, voltou a Campinas após nove anos para tentar uma oportunidade.
O pai dele, Vianei Ferrari, mesmo após todo esse tempo, incentiva o filho e não mede esforços pra fazer com que o sonho do jovem se concretize.
Assim como na primeira tentativa, em 2012, os dois viajaram 800 quilômetros desde Aparecida de Goiânia (GO) e estão de volta ao interior de São Paulo em busca de um clube para Fábio. À espera de uma oportunidade, eles moram de favor em um vestiário de um campo de várzea na periferia da cidade.
Em 2012, a dupla, também acompanhada de Ivanilde, mãe de Fábio, fez o mesmo trajeto.
Mas em vez de ônibus, como agora, a família estava à bordo de uma Caravan ano 1984 que serviu de moradia para os dias que passaram em frente ao Brinco de Ouro no aguardo de um teste no Guarani.
A história ganhou repercussão nacional. Hoje, a história mudou um pouco, uma vez que carro foi rebocado por estar com a documentação atrasada. Mas, eles conseguiram viajar novamente para tentar o sonho do filho. Na época, Fábio tinha 14 anos na época e ficou apenas sete meses no Guarani.
"Joguei o Paulista sub-15, mas acho que faltou oportunidade. Sei lá, entrava sempre no fim dos jogos", disse.
OUTRAS CAMISAS
Ele ainda teve a oportunidade de vestir outras camisas. Ficou um mês em Portugal, passou pelo SEV-Hortolândia, América de São José do Rio Preto, onde se profissionalizou, e também interior de Goiás, onde estava até resolver pegar a estrada de novo rumo a Campinas.
Fábio espera encontrar daqui para a frente uma realidade diferente daquela que viveu em clubes anteriores. No América-SP, ele afirma que nunca recebeu para jogar.
"Ninguém pagou. Falava que ia pagar, mas fazia contrato de gaveta. Um assinou a carteira, mas também não pagou. No América-SP, ficamos sem água para tomar banho, tinha de ir no posto de gasolina ou na academia. Era arroz, frango e feijão todo dia", contou Fábio.
A atual gestão do América-SP não comentou as declarações de Fábio. Apenas disse que, atualmente, as contas estão em dia e as alimentações são servidas em boas condições.
DIFICULDADES
Vianei continua apoiando o sonho do filho, mas conta que a situação vai ficando cada vez mais difícil. Dessa vez, um amigo dele arrumou um pequeno espaço para eles ficarem. É um vestiário de um campo de várzea na periferia de Campinas, com paredes abertas no teto, cheio de improviso e as coisas amontoadas.
Dos colchões aos alimentos, tudo ali vem de doações. "A gente vai tentando, com fé em Deus. Não está sendo fácil, está difícil, mas estou aí até o fim para ajudar o meu filho a realizar o sonho", disse ele.
Pai e filho já deixaram o currículo de Fábio em diversos times da região, como Guarani, Ponte Preta e Rio Branco, entre outros. Eles aguardam, agora, um retorno positivo.
DNA PRO FUTEBOL
Aos 69 anos, Vianei, que chegou a ser jogador profissional e largou o emprego de motorista em Goiás para acompanhar o filho, também entra em campo para preparar o filho. Os dois treinam diariamente no campinho de várzea enquanto esperam uma resposta dos contatos que fizeram nos times da região.
Apesar das derrotas da vida, o companheirismo entre pai e filho move a esperança da inseparável dupla. "Quem sabe essa não seja minha missão. De ajudar meu filho a alcançar seus objetivos. Ser pai é não desistir nunca, é ter fé", disse. (Com informações da EPTV Campinas)