Um levantamento da PM (Polícia Militar) apontou que os pedidos de socorro de violência doméstica feitos pelo telefone 190 na região de Campinas aumentaram 157,6% no ano de 2020, quando começou a pandemia de covid-19.
O comparativo é com ano anterior, de 2019.
Os dados foram levantados com exclusividade a pedido da reportagem. Segundo a polícia, em 2019, o Copom (Centro de Operações Policiais Militares) recebeu 5.386 chamadas de violência doméstica. Já em 2020 foram 13.878 chamados à central de ligação da PM.
Já neste ano, de janeiro a junho, foram 6.991 chamadas.
Ainda nesta semana, um caso chamou a atenção na região. Em Valinhos, um adolescente de 15 anos matou o pai, de 42, a tiros após viver uma situação de violência doméstica.
O homicídio ocorreu ontem (3), em um condomínio de luxo no bairro Joapiranga.
Em depoimento, a mãe o jovem revelaram que estiveram sob ameaça do empresário. Um dia antes da reação do menino, o pai teria apontado uma arma e ameaçado de morte os dois. No dia seguinte, em mais uma briga, o adolescente pegou armas do pai e atirou contra ele.
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Para a pesquisadora e demógrafa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Jackeline Romio, a violência doméstica é um sintoma de relações desiguais de poder, onde o homem tem maiores privilégios, sejam eles legais, sociais ou econômicos.
"Isso gera um contexto de permissão da violência doméstica. É independente da classe social", explicou.
Ainda segundo Jackeline, o caso de Valinhos vai deixar um trauma para o adolescente, que o carregará por toda sua vida. "O futuro desse jovem foi alterado devido a violência doméstica. Então, de qualquer forma, todos saem prejudicados. Além disso, uma arma dentro de casa traz uma letalidade superior para a violência doméstica. Não deveria ser assim. E o Brasil flexibilizando o porte de armas, o que vai fazer com que aumente casos como este", disse.
A demógrafa afirmou ainda que todo o ambiente doméstico está sob pressão, mas que a pandemia deixou a situação mais tensa. "Essa convivência mais acentuada dentro de casa gera stress e conflitos. Se já existiam antes, numa situação de sobrecarga, tende a explodir", disse.
PM
Na maioria dos casos, a PM é a força policial que recebe o primeiro pedido de socorro. O Capitão Rafael Sabbatini fez um apelo para que as vítimas não fiquem em silêncio já no primeiro sinal de violência.
"Nestes casos de ocorrência doméstica, é importante que a vítima ela se identifique, passe os detalhes do caso, passe o endereço corretamente. Para que a PM possa chegar mais rápido no local. Vizinhos ou outras pessoas que possam estar presenciando o fato, e acionar a PM, não é necessária a identificação", explicou. (Com informações da EPTV Campinas)