A Polícia Civil de Valinhos quer saber como o empresário morto a tiros pelo filho acumulou um patrimônio milionário, e quem o ajudou a emitir documentos verdadeiros com informações falsas.
O empresário foi morto dentro de um dos veículos de luxo, avaliado em mais de R$ 600 mil . Ele tinha uma coleção de carros, um deles, avaliado em quase R$ 2 milhões.
Mas segundo a Polícia Civil, nenhum dos veículos estava em nome do empresário. A equipe de investigação trabalha agora para descobrir como esse homem construiu esse império.
"Essa questão é algo que nós ainda estamos apurando, porque a exteriorização de riqueza era muito grande, o patrimônio aparenta ser bem considerável", disse o delegado João Neves Netto.
O delegado responsável pelo caso afirmou ainda que uma série de diligências vem sendo realizadas desde o último dia 1º de agosto.
O arsenal de armas localizado no imóvel, incluindo as pistolas usadas pelo filho foi apreendido para perícia. Elas tinham registros, mas em nomes fictícios e também em nome da esposa.
"No nome real dele, nós não encontramos absolutamente nada e sim, bens, certos veículos registrados em nome de terceiros e em nome de uma pessoa fictícia, criada por ele por documentos tidos como legítimos mas com dados considerados falsos", explicou o delegado.
De acordo com João Netto, o empresário usava o nome da esposa para fazer as falsificações.
"Ele acabou suprimindo o sobrenome dele, usava o da esposa e criava o nome falso", contou ele ao afirmar que tudo leva a crer que nem família sabia ao certo quais eram as atividades profissionais da vítima", explicou.
Carros de luxo, moto, computadores e celulares também vão ser periciados.
PERFIL DO EMPRESÁRIO
O empresário chegou a receber um prêmio como embaixador comendador da Câmara Brasileira de Comércio "Brasil-China". E dizia ser empresário do ramo automotivo e comercio exterior no exterior. Mas até agora, nada disso foi comprovado pela Polícia Civil. A investigação mostra que o homem tinha documentos falsos. Rg, cpf e até passaporte com nomes diferentes.
O empresário de 42 anos já tinha sido condenado por estelionato no Paraná. Mas tem denuncias de golpes em outros estados. A policia civil investiga esses casos para montar o quebra cabeça do inquérito. Nesse momento a policia quer saber mais sobre o passado do empresário e principalmente saber quem atuava ao lado dele nos negócios ilícitos.
"Nós estamos aguardando agora o resultado de diversos exames periciais que foram requisitados, e vamos voltar a investigação agora pra buscar levantar essa rede de apoio que auxiliava a vítima na obtenção desses documentos, emissão desses documentos, registro de arma de fogo, e até mesmo verificar esse patrimônio que foi adquirido, utilizando esses dados falsos", contou.
ENTENDA O CASO
O homem era violento segundo os depoimentos. Ele foi morto com três tiros disparados pelo filho de 15 anos depois de mais uma das muitas brigas na família. O crime foi em um condomínio de alto padrão no bairro Joapiranga, em Valinhos.
LEGÍTIMA DEFESA
O caso continua como ato infracional de homicídio com legítima defesa. Para a polícia, as atitudes agressivas do empresário podem ser configuradas como tortura psicológica.
"Ao analisar os depoimentos, percebemos que ambiente dessa família era extremamente tóxico e permeado pela violência doméstica. Parece que a situação chegou em um momento tão crítico, de temor e receio, que parece que o adolescente não viu outra maneira senão tomar essa atitude", disse o delegado.