Campinas registrou neste ano de 2021 o menor índice de chuva acumulado durante o período seco, que vai de maio a setembro, em 32 anos.
A análise, feita pelo Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp, mostra que esse ano já é o mais seco em toda a série histórica avaliada, sendo que os estudos começaram a ser feitos em 1989.
Entre maio e setembro deste ano foram 99 milímetros de chuva acumulados, enquanto a média é de 230 mm. Em 2014, ano da pior crise hídrica já registrada no Estado, o índice de chuva em Campinas ficou em 140,9 milímetros.
Ainda em comparação, o mesmo período do ano passado, também seco, registrou 136,4 milímetros de chuva. No ano com mais chuvas em toda a série histórica, em 2009, foram 467,9 mm registrados de maio a setembro.
"Esse período analisado é de uma estação seca, mas nesse ano foi muito abaixo da média, sendo o pior período com falta de chuva desde o início dos registros do Cepagri", avaliou o meteorologista Bruno Bainy, do Cepagri.
Segundo ele, há previsões de chuva para outubro, novembro e dezembro, mas os índices não devem ser suficientes para compensar o déficit (leia mais abaixo).
PANORAMA CRÍTICO
Os cinco meses de estiagem, que pegam o fim do Outono, o decorrer do Inverno e o início da Primavera são considerados historicamente os piores meses com índices de chuva no Brasil.
Por causa do baixo índice de chuva neste ano, o PCJ, órgão fiscaliza a situação dos mananciais na região de Campinas, já chegou a apontar que a crise hídrica em 2022 pode ser pior do que a de 2014.
Na RMC (Região Metropolitana de Campinas) já há cidades que enfrentam racionamento, como é o caso de Valinhos e Santo Antônio de Posse. Ontem (5), Valinhos anunciou que negocia a compra de captação de água em Campinas.
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CAUSAS
Segundo Bainy, neste ano o principal causador da estiagem foram os bloqueios atmosféricos, que impediram as passagens das frentes frias e as chuvas que elas causam.
"As frentes frias têm os principais mecanismos de chuva nesse período na região. As frentes frias às vezes vinham pelo Sul, chegavam até o Paraná, mas por causa dos bloqueios atmosféricos, que são uma de ar seca quente e persistente, a frente fria muitas vezes desviou, não entrando para o interior", explicou. S egundo Bainy, esses bloqueios também frustraram previsões e derrubaram expectativas de chuvas.
"Muitas vezes tivemos aumento na nebulosidade, declínio das temperaturas, ou até pancadas, mas a chuva mesmo não vinha por causa do bloqueio", explicou.
Além dos bloqueios, a meteorologista Ana Ávila afirma que outros dois fenômenos de oceanos, sendo o La Niña no oceano Pacífico, e uma oscilação multidecadal do Atlântico também causaram uma redução no volume de chuvas.
E AGORA, COMO FICA?
Segundo o meteorologista , apesar dos últimos meses do ano serem mais chuvosos, não há expectativa de chuva acima da média.
"Em outubro e novembro devemos ter chuva um pouco abaixo da média, e só um pouco acima da média talvez em dezembro, o que não compensaria o déficit", avaliou.
Para essa semana, há previsão de chuva para os próximos dias. Segundo o Cepagri, são esperadas pancadas de chuva em menor volume entre quinta e sexta-feira. Já a partir do final de semana as chuvas devem vir em maiores quantidades.