O que fazer diante de um caso de violência contra a mulher?
Para a delegada titular da 1ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Campinas, Ana Carolina Bacchi, é fundamental denunciar casos como este.
Há cerca de dois meses, em março, um guarda municipal foi preso depois de agredir a ex-companheira, em Americana.
Para interromper os ataques, moradores agrediram o GM com chutes e pedaços de madeira.
Ambos foram levados para o Hospital Municipal Waldemar Tebaldi. Após uma cirurgia na mão, a vítima ainda leva consigo as marcas da agressão do ex-marido no rosto e reforça a importância da interferência das pessoas no local durante a agressão.
"Não pensei que ia passar por isso um dia. E nunca pensei que ia chegar nesse ponto de tentar me matar", disse a vítima. Para ela, a atitude dele foi repugnante.
"Tirar a vida de outra pessoa, independente do que a pessoa faça ou não... não tem motivo para fazer isso. Ali ficou claro que ele queria me matar. Ele falou também que ia morrer e ia morrer naquele dia", afirmou.
Apesar da ação das pessoas em casos de violência salvar vidas, Ana Carolina Bacchi, alerta que não é a atitude ideal a se tomar nestas ocasiões.
"A ideia é tentar procurar e acionar, logicamente, a Polícia Militar, a Guarda Municipal ou a Polícia Civil. O que estiver mais próximo. Tentar, sim, ajudar essa pessoa que está sendo agredida na via pública. Desde que não haja risco para si próprio".
Entretanto, presenciar um crime e não noticiar também não é correto.
Segundo a delegada, as pessoas podem agir sem se envolverem através dos canais disponíveis atualmente. De acordo com Ana Carolina, as denúncias são fundamentais e podem ser realizadas em sigilo - veja como denunciar abaixo.
"Desde a pandemia, inclusive, há possibilidade ainda do registro da ocorrência via site da Polícia Civil, com a DDM on-line, e com possibilidade também de pedir medidas protetivas. Além disso, há ainda a possibilidade de ir fisicamente nas delegacias, que estiveram sempre abertas".
RECONHECER A AGRESSÃO
Um passo importante é a própria vítima também pode reconhecer a agressão ou violência e pedir por ajuda.
"Infelizmente, ainda hoje, nascer mulher é uma situação de risco. E a sociedade tem que reconhecer isso. Em um segundo momento, falamos que a mulher tem que ver e se reconhecer que está em um relacionamento abusivo para pedir ajudar e ver que há necessidade de ajuda".
A delegada diz ainda que, geralmente, a vítima procura primeiro familiares e amigos próximos.
"Essas pessoas não devem desencorajar essa mulher a denunciar. Além disso, não podem julgar", disse.
Caso a mulher não se reconheça na situação, a delegada Ana Carolina Bacchi afirma que é preciso verificar se há indícios de um relacionamento abusivo, entre eles:
- Ver a mulher sempre triste
- A mulher deixa de frequentar lugares que costumava ir
- Marcas no corpo dela
COMO DENUNCIAR?
As denúncias de violência contra mulher também podem ser feitas pelo 190 da Polícia Militar e 180, que é o disque-denúncia.
Em Campinas, a 1ª DDM fica na Av. Dr. Antônio Carlos Sáles Júnior, 310 - Jardim Proenca I, e funciona das 9h às 17h.
A 2ª DDM fica na Rua Ferdinando Panattoni, nº 590, Jardim Pauliceia. Esta unidade fica aberta 24h por dia.