MP investiga racismo após ameaça de grupo com símbolo nazista em bar próximo a Unicamp
Reprodução: ACidade ON
MP investiga racismo após ameaça de grupo com símbolo nazista em bar próximo a Unicamp


O MP (Ministério Público) de Campinas instaurou um procedimento para apurar ato de racimo após um grupo com símbolo nazista fazer disparos e ameaçar negros em um bar próximo a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em Barão Geraldo.

O caso ocorreu na noite de sexta-feira (6) no Bar do Ademir, em frente a moradia estudantil. Segundo o promotor Daniel Zulian, os suspeitos já foram identificados.

No sábado (7), a SSP (Secretaria de Segurança Pública de Campinas), informou que as equipes policiais iniciaram as investigações, com os levantamentos necessários para identificação dos autores e esclarecimento do crime.

Já nesta segunda, o proprietário do bar, que não quer ser identificado, registrou um boletim de ocorrência e disse que vai ao 7º DP (Distrito Policial) na parte da tarde . Ele relatou levar tapas ao tentar defender um funcionário negro.

O CASO


Na noite da última sexta-feira , um grupo armado e usando um símbolo nazista foi acusado de atacar pessoas negras e fazer disparos de arma de fogo em frente ao bar próximo da Unicamp. O proprietário do local foi agredido com tapas.

Segundo testemunhas, o grupo de motoqueiros, sendo que um deles exibia uma suástica na roupa, chegou a empurrar pessoas negras em frente ao local e fez dancinhas imitando macacos. Os homens também estariam armados e atiraram para cima em frente ao estabelecimento comercial.

O relato da confusão que gerou medo entre os clientes foi postado em um grupo de universitários em uma rede social na madrugada deste sábado (7) da Unicamp.

PROPRIETÁRIO DO BAR

O proprietário do Bar do Ademir, onde o caso ocorreu, disse que levou tapas ao defender um funcionário negro. O grupo iniciou uma briga com o garçom, que é africano, quando estava sendo atendido.

"Fui defender um funcionário que trabalha com a gente e (ele) deu dois tapas na (minha) cara. Depois, deram três tiros e foram embora", contou, preferindo não ser identificado.

O dono do estabelecimento conta ainda que a polícia foi acionada e chegou rápido no local. "Não vou me intimidar, a gente não fez nada de errado, vai abrir normalmente (hoje). Ontem fechei na hora, tinham muitas pessoas na rua".

O proprietário disse ainda que quando viu uma arma ficou desesperado e paralisou. "Sei que intimidaram o funcionário. E quando apontou a arma para mim, eu paralisei". Ele falou também que o bar tem mais de 20 anos e que, para ele, foi um caso de racismo. O dj que tocava no momento do ocorrido no bar também é negro.

"Não tem porquê. Eles nem estavam no bar consumindo nada", disse ele, que não quis ser identificado. Hoje, em comunicado nas redes sociais, o Bar do Ademir informou que vai abrir normalmente. O proprietário deve ainda registrar um boletim de ocorrência.

MEDO

Uma estudante de Engenharia de Telecomunicações da Unicamp, que não quis ser identificada e presenciou o ocorrido, disse que após os tiros, os homens ficaram "imitando macacos".

"Era uma pessoa branca, careca. Fez esse gesto preconceituoso e entrou no carro e foi embora. Depois o dono do bar fechou o bar", contou.

Ela afirmou que a cena causou um alvoroço no local e que, geralmente, o bar é um ambiente tranquilo, com clientes sentados ou dançando.


"Fiquei com medo. Medo de não querer ir mais pra lá, medo de acontecer de novo, medo das pessoas fazerem alguma coisa ali nas redondezas da Av. Santa Isabel. São adolescentes, jovens (que frequentam o bar) e eles eram pessoas mais velhas. Sensação de medo e impotência. Não tem muito o que fazer, só correr".

VISITA DE LULA

Os estudantes e clientes também relacionaram o ocorrido ao fato do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) ter visitado a Unicamp na noite de quinta, onde deu uma aula magna.

Sobre o caso, a Unicamp emitiu uma nota oficial dizendo que "não houve ocorrência dentro da Moradia da universidade" e que "a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva transcorreu sem intercorrências, a despeito de reunir milhares de pessoas".

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