Um total de 73 pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) estão entre os de maior impacto no mundo segundo a publicação da revista norte-americana PLOS Biology.
A listagem apresenta os 100 mil cientistas com maior impacto em suas pesquisas, considerando métricas de citações de seus trabalhos, além de outros nomes que não estão entre esses 100 mil, mas integram o equivalente a 2% dos milhões de pesquisadores do mundo com maior impacto de pesquisa, o que totaliza cerca de 150 mil nomes.
Entre os nomes que figuram a listagem de maior impacto em toda a carreira, apenas em 2019 e em ambas, a Unicamp tem um total de 73 pesquisadores das áreas de engenharias, química, física, computação, matemática, biologia, medicina e odontologia.
A universidade é a segunda do país com o maior número de cientistas apontados pelo levantamento. Entre os pesquisadores de maior impacto na carreira, aparecem 600 brasileiros, sendo 54 da Unicamp. A USP (Universidade de São Paulo) foi a que mais registrou pesquisadores brasileiros nessa categoria, com 120 nomes. Já na listagem dos nomes de maior impacto em 2019, o Brasil tem 853 nomes. No total, são 59 profissionais da Unicamp, atrás também apenas da USP, com 158 pesquisadores.
"É sempre gratificante ver o impacto de nossa universidade no cenário da ciência mundial, latino-americana e brasileira. A Unicamp está muito bem representada, considerando também a quantidade de docentes que temos, e a diversidade de áreas na qual atuamos ", afirmou Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
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Crescimento da ciência brasileira, mas ressalvas com os rankings
O secretário de comunicação da Unicamp, Peter Schulz, responsável pelo monitoramento da atividade científica, observa um crescimento importante tanto no número de cientistas brasileiros entre os mais influentes, quanto na distribuição do desenvolvimento científico no país.
"Entre as universidades, as estaduais paulistas seguem no topo da listagem de impacto em 2019 com a USP em primeiro lugar, com 158 nomes, seguido pela Unicamp com 59. A UFRJ aparece em terceiro lugar, com 50, e a Unesp com 45. Apesar da distribuição de cientistas estar concentrada na região Sudeste, os cientistas mais influentes espalham-se por quase todos os estados brasileiros ", afirmou.
Peter também observa a participação de centros de saúde e tecnologia não ligados a diretamente a universidades, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Petrobrás e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Ele ressalta que o estudo é uma fonte de dados importante para avaliações mais detalhadas, mas que são necessários cuidados ao se observarem as informações contidas nas listas.
Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química (IQ) da Unicamp e membro da Força Tarefa Unicamp contra a Covid-19, pondera que rankings do tipo deixam de considerar aspectos também importantes ao se avaliar o impacto de um pesquisador.
"Apesar de estar na lista, eu penso que outros fatores e contribuições deveriam ser utilizados. Tem muitos cientistas brasileiros com contribuições notáveis que não estão na lista. Isso pode passar uma mensagem errada para nossos jovens cientistas", adverte.
O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, faz uma avaliação semelhante: "Essas listas não contêm necessariamente cientistas influentes, e além disso deixam de fora cientistas muito influentes, com contribuições fundamentais para suas respectivas áreas. Uma das razões para isso é que comparar índices de citação de área diferentes da ciência não faz sentido: por exemplo, trabalhos na área de matemática pura costumam ter índices de citação muito abaixo dos de outras áreas da ciência", analisa.
Ele defende que outros parâmetros, não apenas índices numéricos, também sejam utilizados na avaliação da influência de um pesquisador. "Por exemplo, o reconhecimento internacional através de conferências plenárias nas mais importantes conferências internacionais, prêmios internacionais de prestígio, pertencimento em academias de ciências etc", enfatiza Davidovich.
(Com informações de Felipe Mateus/Portal da Unicamp)
O estudo completo e a lista com todos os pesquisadores destacados, incluindo os nomes brasileiros, estão disponíveis no site da revista PLOS Biology:
https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.3000918