As empresas da RMC ( Região Metropolitana de Campinas ) podem perder até R$ 640 milhões por ano caso o governo chinês confirme a intenção de boicotar as exportações feitas pelo Brasil ao país asiático.
A crise foi provocada por declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, no Twitter. Ele afirmou que o programa Clean Network , ao qual o Brasil declarou apoio, pretende proteger seus participantes de invasões e violações a informações particulares.
Segundo ele, a iniciativa afasta a tecnologia da China e evita espionagem do país asiático. "Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China", completou o deputado, que depois apagou parte das publicações. Eduardo é presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara.
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Nesta terça (24), a embaixada chinesa no Brasil disse que o deputado segue os Estados Unidos para caluniar a China e pediu que a retórica norte-americana seja abandonada para evitar "consequências negativas".
"Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil", afirmou a embaixada.
PARCERIA
De janeiro a novembro deste ano, as empresas da RMC exportaram US$ 120,9 milhões de dólares em produtos para a China - cerca de R$ 640 milhões. O valor é próximo do volume de todo o ano passado (US$ 132 milhões). Neste ano, a China aparece como o sexto principal parceiro comercial das empresas da região de Campinas.
Segundo os dados do Ministério da Economia, a RMC vende ao país asiático, principalmente, proteína animal, produtos agrícolas e alimentos processados.
Além disso, a região tem a presença de gigantes chinesas, como a CPFL (adquirida por um grupo chinês em 2017) e a BYD, que produz veículos elétricos.
O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foram procuradas pela reportagem se posicionar sobre as declarações, mas ambos ainda não responderam a reportagem.