O novo prefeito de Campinas será conhecido neste domingo (29), quando a contagem de votos do segundo turno vai definir o vencedor da disputa entre Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL), dois candidatos relacionados, cada um de uma maneira, ao atual prefeito Jonas Donizette (PSB). Aquele que vencer terá que lidar com os estragos feitos pela pandemia e gerir uma cidade recentemente elevada ao status de metrópole .
No primeiro turno , Dario recebeu 121.392 votos (25,78%) contra 103.397 (21,86%) a favor de Rafa.
Além de projetos em andamento, a gestão Jonas vai deixar resquícios de seu governo no Palácio dos Jequitibás, independente de quem sair vitorioso no domingo. Isso porque os dois candidatos, assim como os aliados deles, tiveram participação na atual gestão de Campinas .
Deputado estadual, Rafa Zimbaldi era filiado ao PSB, partido de Jonas Donizette, e chegou a ser líder do governo na Câmara Municipal, quando ainda era vereador. Em abril deste ano, foi para o PL após disputas internas, pois queria concorrer a prefeito e não foi aceito como o candidato pessebista.
De qualquer maneira, ele conseguiu atrair o PSDB, partido da base governista e aliado fundamental para eleger Jonas em 2012 e 2016. Assim, os tucanos entraram nas eleições ao lado de Rafa, completando a chapa com a vice Annabê Sampaio, esposa do deputado federal Carlos Sampaio, que chegou a ser cotado como candidato.
Com passagens também por PTB e PP, Rafa Zimbaldi foi eleito vereador em Campinas aos 23 anos, em 2004, e conseguiu três reeleições consecutivas. O último mandato foi interrompido quando ele ganhou uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), com 80.789 votos nas eleições de 2018, cerca de 50 mil deles em Campinas.
Do outro lado, está a candidatura apoiada por Jonas Donizette, formada por Dário Saadi , que foi Secretário de Esportes de 2015 até 2020, e o vice Wandão de Almeida, presidente do PSB de Campinas e ex-secretário de Relações Institucionais. Chegou-se a cogitar que Wandão, visto como braço direito de Jonas, fosse o cabeça de chapa.
Dário deixou a secretária de Esportes no início de junho, justamente para concorrer nas eleições. Médico urologista, ele foi vereador por quatro mandatos, entre 1995 e 2012, e chegou a presidir a Câmara no biênio 2005-2006. Também foi presidente do Hospital Municipal Mário Gatti. O candidato foi filiado ao Solidariedade até o final do ano passado. Antes, integrou o DEM e o próprio PSDB.
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Nova metrópole
O resultado da disputa entre Rafa e Dário vai ditar o futuro de 1.213.792 pessoas que habitam Campinas , de acordo com projeção divulgada pelo IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística) em agosto deste ano. Tal população é a terceira maior do Estado de São Paulo, atrás apenas da capital e de Guarulhos.
O município é referência para as cidades no entorno, que dependem dos bens e serviços campineiros. Até por isso, ganhou o título de metrópole na publicação da nova edição do REGIC (Regiões de Influência das Cidades) do IBGE, divulgado em junho, com dados de 2018. Assim, Campinas se tornou a primeira metrópole que não pertence ao grupo das capitais.
O número de instituições públicas e empresas conectadas a outras localidades do país também pesou na classificação. A influência está ligada, por exemplo, à presença da Unicamp e do Aeroporto Internacional de Viracopos , que está em processo de concessão autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Cenário
A nova classificação alimenta esperanças de atrair mais investimentos públicos e privados, mas as dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19 dificultam que isso seja explorado. Até houve uma certa recuperação, com geração positiva de 1.395 postos de trabalho durante setembro, segundo estudo do Observatório PUC-Campinas, mas a continuidade é incerta.
Durante o primeiro semestre, a metrópole teve um aumento de 19,2% no número de desempregados, comparado ao mesmo período do ano passado, como mostraram números da Associação Comercial e Industrial (ACIC). Também ao ao longo do primeiro semestre, foi registrado um crescimento de 51,6% em relação à quantidade de pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza.
O próximo prefeito, portanto, vai ter que buscar soluções para problemas sociais e econômicos bastante persistentes. Entram nessa conta questões como o grande déficit de vagas nas creches: a fila começou com 4 mil crianças em janeiro e passou de 5 mil em setembro.
Herança logística
O novo eleito terá que tomar, ainda, decisões a respeito de projetos que serão herdados da atual administração. É o caso da construção da barragem no Rio Atibaia, no distrito de Sousas, que tem custo estimado em R$ 380 milhões pela Sanasa e promete abastecimento por 70 dias em períodos de seca.
A barragem é questionada por grupos como o Grupo de Pesquisa e Ação em Conflitos, Riscos e Impactos Associados a Barragens (CRIAB) da Unicamp, pois será construída em uma Área de Proteção Ambiental (APA), que protege parte dos remanescentes da vegetação nativa do município.
Outra missão importante da gestão 2021-2024 será garantir o funcionamento do sistema BRT, cujas obras Jonas Donizette promete entregar ainda este ano. De qualquer maneira, fica para o novo prefeito a responsabilidade de dar sequência à licitação que está suspensa por decisão judicial.