Em meio à pandemia , o setor de bares e restaurantes terminou 2020 com perda de R$ 2,3 bilhões no faturamento na RMC (Região Metropolitana de Campinas) .
Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a queda no último ano chegou a 39,9%. Ao todo, foram faturados R$ 3,57 bilhões no setor no ano passado, contra $ 5,94 em 2019. Os dados compilam todo o setor de alimentação fora do lar na região.
Para os comerciantes, os reflexos econômicos da pandemia foram sentidos mais fortes no setor, que permaneceu grande parte do ano sem permissão para funcionamento com público por causas das medidas de controle ao covid-19.
MAIS PERDA
Nessa semana, com a volta de medidas restritivas no Estado, proprietários de estabelecimentos de alimentação se movimentaram para mostrar o repúdio ao fechamento, que pode afetar ainda mais o setor já em crise.
Na fase laranja, que começou a valer nesta segunda-feira (25), restaurantes podem funcionar por até oito horas diárias, com atendimento presencial limitado a 40% da capacidade e encerramento às 20h. Já bares podem trabalhar apenas com sistema de delivery, drive-thru e retirada, sendo que o consumo local está proibido.
O governo estadual ainda colocou todo o Estado em fase vermelha híbrida, que proíbe atendimento desses setores no período noturno e também aos fins de semana.
O comerciante Flavio Gussoni, dono de um restaurante no Cambuí, disse que espera que as medidas não se estendam. Até o momento, as regras valem até o dia 8 de fevereiro segundo o governo do Estado.
"Esperamos que essa fase tenha uma duração curta, porque a partir do momento se estende como no ano passado é difícil. Ficamos seis meses fechado, não existe um negocio que feche e depois abra normalmente", desabafou.
Você viu?
O empresário David Figueira, dono de um restaurante de Barão Geraldo, conta que o movimento no restaurante foi embora com a suspensão das aulas presenciais da Unicamp.
Segundo ele, o faturamento chegou a cair 70% desde o começo da pandemia, e não teve condições de manter o mesmo número de funcionários.
"Diminuímos de 60 para 30 pessoas. E infelizmente não vai ser possível manter o quadro, não temos para onde fugir" disse ele, afirmando que com as novas medidas não descarta novos cortes.
PROTESTOS
A mudança nas medidas gerou revolta aos proprietários de bares e restaurantes, que protestaram na segunda em Campinas pedindo por flexibilização. Hoje, comerciantes da região também aderiram ao protesto promovido pela Abrasel na capital paulista, pedindo a reabertura.
O grupo se reuniu na Praça dos Ciclistas, na Consolação, e caminhou pela ciclovia, no canteiro central, até o Masp (Museu de Arte de São Paulo). Por volta das 10h, a faixa da direita da Avenida Paulista chegou a ser interditada para o tráfego de veículos em frente ao Masp. Às 10h20, toda a pista no sentido Consolação chegou a ficar bloqueada.
O QUE DIZ O SETOR PÚBLICO?
Em nota, o governo do Estado disse que mantém canal aberto com todos os setores da economia, e que já liberou R$ 720 milhões de crédito subsidiado para ajudar empreendedores a atravessar a crise.
Segundo o governo, todas as medidas do Plano SP são pautadas por dados técnicos e científicos de monitoramento da evolução da pandemia e na capacidade do sistema hospitalar, e o compromisso é com a proteção da vida dos cidadãos.
Procurada, a Prefeitura de Campinas disse que recebeu os representantes no setor nesta semana, e ampliou os leitos na cidade para tentar pedir flexibilização do funcionamento de restaurantes nos fins de semana.