Protetores independentes de Campinas resgataram seis cachorros que estavam na casa onde um menino de 11 anos foi encontrado acorrentado em um barril no Jardim Itatiaia , em Campinas, no sábado (30). A madrasta da criança era conhecida por recolher animais abandonados das ruas e os bichos estavam bem cuidados.
O protetor Symon Castro afirmou que o resgate foi feito após a repercussão do caso, mas não informou a data. Isso porquê o grupo está com medo uma vez que teve que entrar na residência do casal e da jovem de 22 anos que foram presos em flagrante pelo crime.
Ele contou também chegou a ajudar a mulher no começo da pandemia de covid-19, levando ração para os animais. "Recebi o caso dela dizendo que era uma pessoa humilde e que doava as coisas para pessoas que também precisavam. Entrei em contato e ela falou que passava necessidade. Me comovi e ajudei", disse ele.
Ele falou que chegou a ir na residência no ano passado e que ela omitiu completamente os maus-tratos ao menino. "Ela sendo da causa animal sabe que se deixar um cão preso na corrente é maus-tratos. E dá cadeia. Ela ter convivido com uma criança presa e não ter falado nada para ninguém... Isso deixou a gente indignado", disse.
Segundo a Polícia Militar, a associação da madrasta não era regulamentada, e na casa onde a criança foi encontrada os cachorros ficavam soltos pelo quintal.
"Na casa tinha uns sete cães, todos soltos ou no colo da mulher e da filha dela. Com pelos brilhantes, coleira anti-pulgas, enquanto a criança estava acorrentada comendo casca de banana, fubá ou as próprias fezes", disse o 2º Sargento da Polícia Militar Mike Jason que acompanhou a ocorrência.
O menino continua internado e foi transferido para o Hospital Municipal Mário Gatti para ganhar peso na terça-feira (2). Ao ser encontrado, ele pesava 27 kg, enquanto o peso ideal para a idade é de 35 kg. O estado de saúde dele é estável. Já os animais foram levados para lares temporários.
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INVESTIGAÇÃO
Após a libertação do menino no sábado (30) e a repercussão nacional do caso, o MP (Ministério Público), a Prefeitura de Campinas e a OAB Campinas estão acompanhando e investigando o caso.
O MP instaurou um procedimento de investigação para apurar a conduta dos setores públicos em relação à omissão. O caso agora é acompanhado pela Vara de Infância e Juventude de Campinas.
A Prefeitura abriu investigação para apurar eventuais falhas e omissões dos serviços públicos municipais e da entidade conveniada. O prazo para a Secretaria de Justiça apurar os atendimentos feitos pelos setores públicos é de 60 dias.
Já a OAB informou que o acompanhamento será feito pela Comissão Especial de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente em conjunto com a Comissão do Direito da Criança e do Adolescente.
CONSELHO TUTELAR
O Conselho Tutelar de Campinas negou que tinha ciência da situação da criança.
O órgão emitiu uma nota à população e à imprensa dizendo que a informação recebida em dezembro e janeiro era de que a "situação da criança e família vinha evoluindo bem e positivamente".
Na nota, o Conselho disse que, no sábado, ao tomar conhecimento da notícia do crime, tomou as providências e as medidas necessárias "para a garantia dos direitos da criança e para sua proteção, como já vinha fazendo".