O secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, afirmou que não há mais leitos vagos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19 na rede municipal de Saúde, e que a cidade já enfrenta fila de espera para leitos também voltados para outras doenças.
Segundo Zambon, o SUS (Sistema Único de Saúde) municipal registra lotação máxima e entrou em colapso nesta manhã (3).
"A ocupação de hoje é de 100%. Existe paciente em fila de espera nos prontos-socorros e nos hospitais, e principalmente nos grandes. Aumentou em mais de 20% as internações. A nítida sensação é que estamos enxugando gelo. Todos os indicadores indicam o caos, tanto para covid-19 como para não covid. Se houver necessidade, tanto para covid ou para não covid, teremos dificuldades", afirmou.
Hoje foi o primeiro dia que Campinas começou a seguir as regras de restrição da fase vermelha do Plano São Paulo de flexibilização determinado ontem pelo Município devido ao risco eminente do colapso no sistema de saúde.
LEITOS
Ontem, durante o anúncio da mudança para a fase de mais restrição, o secretário de Saúde citou a ampliação dos leitos municipais, dizendo ainda que pela Prefeitura a oferta será maior que durante o pico da pandemia no ano passado.
"Até o final de semana abriremos mais 18 leitos de enfermaria e seis de enfermaria na UPA metropolitana, isso já é uma quantidade maior de leitos que a Prefeitura tinha no ano passado. Mas estamos numa situação pandêmica pior", disse ele.
Segundo o balanço passado, Campinas atingiu na manhã de hoje 100% de ocupação nos leitos para covid-19. Ontem, Campinas tinha três leitos livres, mas Zambon explicou que na prática a cidade não tem vagas, sendo que as estruturas disponíveis são exclusivas para mulheres grávidas, no Hospital Maternidade de Campinas, e que não podem ser usados por outro paciente.
Sem informar números, o secretário disse que também não há vagas de UTI para outras doenças, e que a pressão por vagas de internação também atinge a rede privada. De acordo com ele, a situação é monitorada minuto a minuto em busca de vagas para regulação.
Na rede pública estadual, atualmente Campinas conta apenas com os 30 leitos do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp, sendo que durante a manhã de hoje, 27 estavam ocupados - com três vagas disponíveis. No auge da primeira onda da doença, a cidade contava com 93 vagas para o SUS Estadual.
BALANÇO
Dos 290 leitos de UTI covid-19 disponíveis em Campinas, 118 são do SUS municipal, que hoje atingiu 100% de ocupação.
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Na rede estadual a ocupação durante o começo da tarde era de apenas 1 dos 30 leitos disponíveis.
Na rede particular, segundo o balanço de ontem, havia 15 leitos livres, com 89,4% de ocupação.
AMPLIAÇÃO
Segundo a Prefeitura, até o final da semana haverá ampliação na oferta de leitos de UTI, de enfermaria e de observação na rede formada pelos hospitais municipais Mário Gatti e Ouro Verde, nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e no Hospital Metropolitano. De acordo com a Saúde, no Metropolitano serão 20 novos leitos de enfermaria e 15 de UTI.
Hoje, a Rede Mário Gatti tem 65 leitos de UTI, 92 de enfermaria e 16 de observação. Em cinco dias, a disponibilidade será ampliada para 79 leitos de UTI, 116 de enfermaria e 29 de observação.
A saúde afirma que uma contratação emergencial vai permitir que, em duas semanas, essa estrutura passe a contar com oferta de 99 leitos de UTI, 158 de enfermaria e 29 de observação. Ou seja, em 15 a prefeitura prevê um aumento de 34 novos leitos na rede municipal.
SITUAÇÃO CRÍTICA
Em entrevista, o prefeito de Campinas citou que a abertura de leitos não resolve o problema e que a Prefeitura já fez o que poderia ser feito para amenizar o colapso.
"O que pode ser feito já foi feito. Ontem solicitamos requisição do Metropolitano, a partir de amanhã começa o funcionamento. Nesta semana começa leitos na UPA Metropolitana. A contratação de leitos não é fácil, mas lutamos para que essa demanda seja atendida", disse ele.
Citando a fase vermelha adotada, Dário disse que as medidas foram duras "mas necessárias pra diminuir a transmissão do vírus e diminuir a internação na cidade", que está em fase crítica.
"Durante o período da manhã passamos por lotação total, mas durante o dia estamos remanejando. A abertura não vai resolver problema, porque se a transmissão tiver alta o número de pessoas que vai precisar vai continuar alto. Não é só ampliar o leito, se não boiar o número de pessoas que precisam ainda aumenta muito", finalizou.