A partir desta quarta-feira (3), a cidade de Campinas retorna à fase vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva da quarentena de combate à Covid-19 . Isso ocorre após um aumento expressivo nas internações pela doença. Por 15 dias, somente os serviços essenciais poderão funcionar no município, entre eles supermercados, farmácias e hospitais. A medida é válida até 16 de março, sendo que uma nova avaliação será feita no dia 9.
O restante está proibido de fazer atendimento presencial, somente podendo trabalhar com sistema de delivery, drive-thru e take-away (retirada). O objetivo da Prefeitura é diminuir ao máximo a transmissão de coronavírus na cidade. Nesta semana, Campinas registrou o maior número de internados em 6 meses.
Enquanto a fase vermelha opera, a Prefeitura pretende quase dobrar o número de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) exclusivo para covid-19, como forma de fortalecer a rede pública. A rede privada, segundo o prefeito Dário Saadi (Republicanos), também está sob pressão (leia mais abaixo).
MOTIVOS
Em relação à fase vermelha, Dário disse que a medida foi para evitar um "colapso" na rede de saúde. "A cidade passa por um momento de emergência sanitária jamais visto na sua história recente. Fez-se necessário essa medida, por conta da emergência sanitária e de necessidade de leitos", disse.
Ele afirmou ainda que há um esgotamento dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate à doença, apesar de entender que toda a população também está cansada. "Todos nós estamos cansados dessa pandemia. E cansados de restrições. Mas o cansaço a gente recupera. A dor da perda de um familiar é para sempre", disse em live oficial ontem.
Além da restrição para a população, também afirmou que haverá uma restrição no acesso ao Paço Municipal com limite de presença de 30% dos funcionários na Prefeitura.
Você viu?
Neste ano, Campinas esteve na fase vermelha de restrição de atividades apenas no primeiro final de semana do ano e depois durante a fase vermelha noturna, que havia sido encerrada na segunda-feira (1º), com a então regressão à fase laranja.
Hoje, o governo estadual também deve anunciar medidas mais restritivas para as cidades paulistas (leia mais abaixo).
LEITOS
Segundo último levantamento da Prefeitura de Campinas, a taxa de ocupação de UTI-Covid estava em 90,69%, com apenas 27 leitos livres somando as redes pública e particular. Devido a esse cenário, o presidente da Rede Mário Gatti, Sergio Bisogni, afirmou que a previsão é aumentar de 65 leitos de UTI para covid no SUS municipal para 99 em 15 dias.
No total, contando leitos de enfermaria e também de observação, a cidade passará a ter 286 unidades para covid. Hoje são 173.
Esse aumento contará com leitos do Hospital Metropolitano, cuja requisição administrativa foi tomada judicialmente pela Prefeitura. Em nota, a nova direção do hospital citou a posse como "invasão" e disse que a medida "fere o direito à propriedade privada e gera transtornos ainda maiores à população de Campinas". O hospital disse ainda que vai recorrer da decisão.
GOVERNO ESTADUAL
O governo estadual de São Paulo também deve anunciar medidas mais restritivas para todas as cidades paulistas nesta quarta-feira (2). Ontem, o governador João Doria (PSDB) realizou uma reunião com os prefeitos do estado de São Paulo para discutir a pandemia do coronavírus e um possível endurecimento nas medidas de controle da doença.
O QUE PODE FUNCIONAR NA FASE VERMELHA:
Saúde: hospitais, clínicas, farmácias, clínicas odontológicas, lavanderias e estabelecimentos de saúde animal.
Alimentação: supermercados, hipermercados, açougues e padarias, lojas de suplemento, feiras livres. É vedado o consumo no local.
Bares, lanchonetes e restaurantes: permitido serviços de entrega (delivery) e que permitem a compra sem sair do carro (drive thru). Válido também para estabelecimentos em postos de combustíveis.
Abastecimento: cadeia de abastecimento e logística, produção agropecuária e agroindústria, transportadoras, armazéns, postos de combustíveis e lojas de materiais de construção.
Logística: estabelecimentos e empresas de locação de veículos, oficinas de veículos automotores, transporte público coletivo, táxis, aplicativos de transporte, serviços de entrega e estacionamentos.
Serviços gerais: lavanderias, serviços de limpeza, hotéis, manutenção e zeladoria, serviços bancários (incluindo lotéricas), serviços de call center, assistência técnica de produtos eletroeletrônicos e bancas de jornais.
Segurança: serviços de segurança pública e privada.
Comunicação social: meios de comunicação social, inclusive eletrônica, executada por empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
Construção civil, agronegócios e indústria: sem restrições.