Uma a cada quatro mortes registradas em cartórios de Campinas foi ocasionada por coronavírus , segundo levantamento do Portal da Transparência da Arpen (Associação de Registradores de Pessoas Naturais) Brasil.
Do total de óbitos registrados no último mês em Campinas, 26,7% foram de covid. Os registros apontam que houve 779 mortes em geral na cidade e 208 ocasionadas pela covid-19. Em janeiro, foram 212 mortes por covid e 774 óbitos gerais, o que mantém a média registrada no último mês.
Desde o início desse ano a cidade tem registrado um aumento considerável do número de casos e de internações de pacientes graves por covid-19. O mesmo ocorre em todo o estado de São Paulo.
Por conta do acirramento da pandemia, Campinas decretou fase vermelha a mais restrita de combate ao vírus iniciada ontem (3), com validade de 15 dias. O governo estadual de São Paulo também determinou a fase vermelha, a partir da meia-noite do próximo sábado, até o dia 19 de março, em todos os municípios.
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COLAPSO
Devido a situação epidemiológica da cidade, a rede municipal de saúde de Campinas entrou em colapso na manhã desta quarta-feira (3). Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, não havia leitos vagos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para covid-19 na rede municipal por volta de meio-dia. Além disso, ele disse que a cidade já enfrenta fila de espera para leitos também voltados para outras doenças.
Ainda na tarde ontem, as redes pública e privada de Campinas estavam com 90,16% de ocupação, mesmo com a abertura de 25 leitos. No total são 315 leitos de UTI e 284 estavam lotados. Nos próximos 15 dias, durante a fase vermelha municipal, a Prefeitura pretende aumentar o número de leitos de covid, contando ainda com o Hospital Metropolitano.
Ontem, ele foi requisitado judicialmente para uso durante este momento da pandemia. A gestão da unidade informou que vai recorrer do pedido. Em nota, a nova direção do hospital citou a posse como "invasão" e disse que a medida "fere o direito à propriedade privada e gera transtornos ainda maiores à população de Campinas".
MAIS CASOS, MAIS MORTES
Para a médica infectologista da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, o aumento de casos reflete no total de mortes, uma vez que 15% das pessoas com covid tem quadro grave, com necessidade de internação, e desse total, 10% precisam de uma assistência intensiva, com UTI.
"Além do aumento de casos, também podemos ter agora mais mortes por que preenchemos a capacidade de atendimento hospitalar. Passa até a ser uma assistência não adequada. Ou então o paciente morre porque não conseguiu ser internado", disse ela.
Stucchi explicou ainda que as medidas adotadas para conter o aumento de casos e, consequentemente, de mortes, devem ser aderidas pela população. Caso contrário, não existe efeito e a economia vai ser sacrificada durante o período. "Só dá resultado com a adesão da população. Não podemos, nas próximas duas semanas, promover reuniões, eventos em casas, chácaras. Pois continuaremos a transmissão e, assim, com os casos graves", disse.
A infectologista disse também que é preciso acelerar o processo de vacinação no país, pois é a forma mais eficaz de evitar infecções em grupos de risco, como os idosos.