O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (11) um endurecimento ainda maior das medidas de restrição na quarentena de Covid-19 em todo o estado. Entre elas estão o fechamento das escolas para aulas presenciais (incluindo públicas e privadas), a suspensão de funcionamento de igrejas e também a interrupção de campeonatos esportivos, como o futebol.
Além disso, o governo reduziu o horário de funcionamento das atividades consideradas essenciais e vetou o funcionamento de outras como lojas de material de construção.
Essa nova fase foi chamada de emergencial e será válida a partir de segunda-feira (15), com duração de 15 dias. Segundo o secretário de Estado de Saúde Jean Gorinchteyn a pandemia de covid é a maior crise sanitária já vista em São Paulo e 53 cidades têm hospitais com 100% de lotação (leia mais abaixo).
Procurada, a Prefeitura de Campinas informou que vai aguardar a publicação do Decreto Estadual sobre a Fase Emergencial do Plano São Paulo e adiantou que vai seguir as determinações do Estado. Além disso adiantou que amanhã (12) fará uma live para esclarecer todas as medidas que serão adotada
AS ATIVIDADES
No total, 14 setores tiveram alteração em relação à fase vermelha, entre eles se destacam o comércio, cultos e campeonatos esportivos, além de alterações nas escolas. Junto com esse endurecimento da quarentena, foi determinado o toque de recolher das 20h às 5h. Na prática, a medida é para desencorajar a circulação de pessoas na rua após esse horário - leia mais aqui.
Segundo o governo, supermercados e farmácias, que estão classificadas como serviços essenciais, seguirão abertos, mas é recomendado que o público evite frequentá-los depois das 20h apenas em situações emergenciais.
Postos de combustível também estão incluídos neste segmento e não tem previsão de horário de fechamento, ou seja, esses setores podem continuar funcionando normalmente por até 24h.
Já a restrição completa proíbe retirada presencial de produtos em restaurantes e lanchonetes, proíbe atendimento presencial em lojas de material de construção. Lojas e restaurantes só poderão fazer entregas pelo sistema em que o consumidor recebe o produto dentro de seu veículo (drive-thru), entre 5h e 20h, ou por serviços de entrega na residência (delivery) por telefone ou aplicativo de internet.
O teletrabalho será obrigatório para todas as atividades administrativas não essenciais. A imposição vale tanto para órgãos públicos como escritórios particulares e serviços de call center.
Segundo o governo estadual, todas as medidas da fase emergencial visam reduzir a circulação de ao menos 4 milhões de pessoas. Além disso, também foi recomendado às Prefeituras um escalonamento de horários de entrada de trabalhadores de atividades essenciais para evitar aglomerações no transporte público.
Os horários indicados são das 5h às 7h para profissionais da indústria, 7h às 9h para os de serviços e 9h às 11h para os do comércio.
RESTRIÇÃO COMPLETA, OU SEJA, NÃO PODEM FUNCIONAR
- Cultos religiosos coletivos
- Atividades esportivas, incluindo jogos de futebol
- Lojas de material de construção
- Retirada presencial de mercadorias em lojas de todos os setores ou restaurantes
- Proibição de praias e parques
- Aglomerações de qualquer tipo
- Trabalho presencial: empresas e órgãos públicos devem adotar o home-office, a não ser que seja serviço essencial. A medida vale também para os serviços de call center
RESTRIÇÃO PARCIAL, PODEM FUNCIONAR COM REGRAS
- Escolas públicas: nas escolas estaduais, poderão funcionar parcialmente para alunos com necessidade da estrutura escolar e para receber merenda e material (mediante agendamento). Os recessos de abril e outubro serão antecipados para o período entre 15 e 28 de março.
- Escolas particulares: o fechamento é opcional e a ocupação deve ser, no máximo, de 35% de alunos por sala de aula
LIBERADO
- Supermercado: não haverá nenhuma restrição ao funcionamento
- Serviços de drive-thru: poderá funcionar entre 5h e 20h
- Delivery: liberado 24h para restaurantes e outros estabelecimentos
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EM CAMPINAS
Em Campinas, as aulas presenciais já estavam suspensas por determinação municipal desde o dia 3 de março, quando o prefeito Dário Saadi (Republicanos) adiantou a entrada da cidade na fase vermelha devido a pressão na rede pública de saúde com o número de internação.
Ontem, a Prefeitura informou que a fila de espera atual de leitos municipais para o tratamento de covid-19 é de 100 pessoas. Ao todo são 70 pacientes que esperam por vaga em leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e 30 em enfermarias nos hospitais municipais da cidade.
Por conta da situação, a Administração anunciou que vai ceder aparelhos de oxigênio (respiradores) para pacientes com coronavírus e que estão em leitos de enfermaria, em hospitais públicos e privados, e que estão em condição de receber alta. Além disso, também reestruturou a rede pública para desafogar os hospitais Mário Gatti e Ouro Verde, que não atenderão mais pacientes com sintomas brandos, como febre e dor no corpo. Eles serão encaminhados para Centros de Saúde e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
No HC (Hospital de Clínicas), da Unicamp, os atendimentos seguem suspensos desde terça-feira e as cirurgias eletivas, desmarcadas. Isso porquê o PS (Pronto-Socorro) do hospital está com 350% de ocupação e a UTI-Covid sem leitos para atender pacientes. No SUS municipal, a ocupação dos leitos complexos para covid era de 99,15% ontem, com apenas uma UTI livre. Hoje, o Hospital Metropolitano lotou e anunciou mais leitos de covid.
EXPECTATIVA
Ontem, havia a expectativa que essas medidas fossem anunciadas, mas elas foram determinadas hoje em coletiva oficial do governador João Doria (PSDB). As restrições ocorrem após um dia depois de o estado atingir um novo recorde de mortes diárias de covid-19 e da manutenção da fase vermelha. Até então a fase era a mais restritiva e havia sido decretada no dia 6 de março até o dia 19.
No entanto, na terça-feira (9), a suspensão de partidas de futebol e também do funcionamento de igrejas já haviam sido recomendadas pelo Ministério da Saúde. No dia, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou que avaliava o pedido. Ontem, o Brasil também registrou novo recorde de mortes por covid-19, totalizando 2.286 óbitos em um dia.
CRISE SANITÁRIA
"Nosso estado enfrenta uma das maiores, senão a maior crise sanitária de todos os tempos. Mesmo a gripe espanhola não assolou tantas vítimas, com repercussão tão dramática como a da covid em nosso meio. Com a pandemia acometendo cada vez mais pessoas, os nossos hospitais começando a comprometer. Vários já estão comprometidos, chegando a 100% de sua ocupação. Estamos no limite", disse o secretário de Saúde, Jean Jean Gorinchteyn
Segundo ele, hoje, 53 municípios estão com 100% na taxa de ocupação. Na segunda-feira, eram 32 com este potencial. "É a velocidade de instalação na pandemia que compromete a assistência à vida. Hoje estamos com 87,6% de taxa de ocupação no estado." Em média, são 150 novas admissões nos hospitais a cada dia, informou o secretário.
"É uma pandemia diferente do ano passado, que eram idosos e portadores de outras doenças acometidos. Hoje, em muitas UTIs, 50% de sua ocupação já é composta por pessoas com idade menor de 50 anos. Ou seja, mais jovens estão sendo comprometidos. Muitas vezes em estado grave", disse.