O aniversário do primeiro caso confirmado de covid-19 em Campinas é lembrado em meio ao pior momento da doença na cidade. Hoje (13) Campinas completa um ano desde que teve o primeiro anúncio de contaminação .
Atualmente, a cidade já contabiliza 1.997 óbitos e 73.912 moradores que já foram infectados. Com ascensão de casos, o enfrentamento da doença é o mais difícil até agora.
Para o presidente da Rede Mário Gatti, Sergio Bisogni, o número visto em novos casos e atendimentos é o maior desde o ano passado.
"Hoje a taxa ocupação está próxima a 100% em tudo, nos leitos de enfermaria e nos leitos de UTI. O gripário que antes tinha atendimento em torno de 110 atendimentos por dia, nessa semana passou pra praticamente 190 no Mario Gatti e em torno de105 no Ouro Verde, realmente aumentou muito, e estão chegando doentes graves. A cada 40 minutos chega um doente grave que precisa ser intubado e isso complica o atendimento", lamentou.
Para Bisogni, a cidade enfrenta neste momento o pior momento, com grande desafio no controle da doença.
"Com certeza é o pior momento até agora, tivemos um grande agravamento, já estava vindo de uma maneira diferente do pico de 2020, mas nos últimos 10 dias agravaram sobremaneira, com quantidades absurdas e enorme quantidade de pacientes para atendimento", citou.
MAIS AUMENTO DE LEITOS
Mesmo com a requisição administrativa, fazendo com que a Prefeitura de Campinas tomasse posse do Hospital Metropolitano, os leitos no hospital já foram preenchidos. Segundo Bisogni, hoje a unidade conta com 10 leitos de UTI sendo usados, 17 de enfermaria e ainda 25 pacientes no suporte do gripário.
Ontem, a Prefeitura de Campinas confirmou lotação total dos leitos municipais pelo segundo dia seguido . Com a sobrecarga, uma nova ampliação de leitos está prevista para a próxima semana.
"Nós estamos nos programando para segunda-feira abrir mais 10 leitos de UTI no Mario Gatti e no decorrer da semana mais 20. Na terça-feira eu estou abrindo mais 10 leitos de enfermaria no Ouro Verde e até o final de semana mais 18, já abrimos também o processo para abertura de 36 leitos no Hospital de Campanha, mas são leitos de enfermaria", explicou, citando que até o final de vem é esperado chegar a 160 leitos de UTI e 156 de enfermaria- maior número até agora.
Segundo Bisogni, secretaria de Saúde também vai a partir de segunda-feira abrir três centros de saúde em unidades para covid-19, sendo eles a UBS São Bernardo, Capivari e Costa e Silva, próximas ao Hospital Mário Gatti e ao Hospital Ouro Verde.
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"Com isso a gente vai tentar minimizar ou diminuir o tempo de espera. A gente sabe o quão sofrido é esperar em uma unidade dessa" afirmou.
MAS NÃO É SÓ AUMENTAR LEITOS
Em meio ao constante aumento de leitos na cidade, o presidente da Rede Mário Gatti afirmou que o reforço não é garantia e nem o suficiente para salvar vidas.
"Gostaria de falar, as pessoas precisam entender. O fato de ter UTI é um alento, mas todo mundo que vai pra UTI, tem uma taxa altíssima de óbito, mais de 50%. Estudos globais falam de dois terços de óbitos em pacientes que vai pra UTI e é intubado, então temos que prevenir evitando aglomeração" disse.
"Vai ter uma hora que vai ter um limite, não conseguimos abrir leitos indefinidamente, o que precisamos é de restrição de circulação para tentar bloquear a transmissibilidade. Isso é muito mais importante que número de leitos que estamos abrindo. Falamos do número de leitos para falar que estamos tentando, mas vai ter uma hora que vai ter um limite, e eu espero que a gente consiga controlar antes que esse limite seja atingido", acrescentou.
MAIS DOENTES
A Rede Mário Gatti é responsável por administrar os hospitais Mário Gatti, Ouro Verde, Metropolitano (que foi solicitado administrativamente), além das quatro UPAs de Campinas e o Samu.
Nesses locais, segundo o presidente, o aumento desse ano também veio de outras doenças.
"O ano passado praticamente não tivemos doenças não covid e doenças pediátricas, já nesse ano já começou a ter curva de doenças graves respiratórias nas crianças, curvas que estão parecendo com 2018 e 2019 e isso começou a encher a UTI pediátrica também", disse.
No entanto, segundo Bisogni, a maior parte dos atendimentos ainda se concentra em contaminados, sendo que são cada vez mais novos.
"As doenças não covid estão fazendo pressão no sistema, mas 80% do que chega pra gente é covid, em estado grave atingindo a faixa que já atingia acima de 60 ano, mas principalmente uma porcentagem bastante elevada de pacientes entre 40 anos e 60 anos", completou.