Campinas: secretário compara situação à guerra e vê piora em até 10 dias
Reprodução: ACidade ON
Campinas: secretário compara situação à guerra e vê piora em até 10 dias

O secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon , afirmou ontem (18) durante o fórum virtual da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas) que enxerga uma piora nos próximos dez dias em relação ao enfrentamento da pandemia na cidade. Ele também comparou a situação de enfrentamento da doença na cidade a uma "guerra .

"O cenário nesses próximos 10 dias é terrível, principalmente por causa desses indicadores e porque os casos são muito mais graves. [...] Eu acho que é a hora da guerra mesmo. É a hora de se mexer porque realmente é uma guerra", disse ontem.

Já o superintendente do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp, Antônio Gonçalves de Oliveira Filho, que também participou do debate, declarou que o estoque de remédios usados em pacientes intubados na unidade é suficiente apenas para seis dias .

"A pandemia vai piorar nessa próxima semana e nós temos que ficar preparados para o que vai acontecer. Já tem existido óbitos na porta. Todos estão assistidos por enquanto, mas não sei por quanto tempo ainda. Eu acho que nos próximos 10 dias, as coisas vão ficar piores, infelizmente. Nós não temos nenhum indicador hoje de que a cidade vai melhor", lamentou Zambon. Ontem, Campinas marcou o recorde de registro de mortes por covid-19 ao ter 30 óbitos.

Hoje, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) que também participou do debate está reunido com prefeitos da região e estudam juntos a possibilidade de decretar um lockdown regional, mas com medidas mais brandas (leia mais abaixo). 

COLPASO

O secretário de Saúde citou a situação crítica em todos os hospitais, que estão acima de 100% de ocupação, e indicou também o problema que foi apontado por todos os representantes de hospital que estavam presentes: o risco de desabastecimento de medicamentos usados em pacientes que necessitam de intubação. 

O medo, listados pelos participantes, se deve ao fato de que o Ministério da Saúde requisitou o estoque de uma indústria de medicamentos. Com a preocupação, o superintendente do HC disse que o hospital tem medicamento para intubação por mais apenas seis dias, e que a unidade já discute o cenário de ter de escolher pacientes que serão atendidos. 

Segundo Filho, o hospital tem o relaxante muscular Rocurônio para mais seis dias e os estoques de Midazolam, usado para sedação, "estão críticos". Além disso, o superintendente indicou dificuldades para comprar de outros insumos básicos, como luvas. 

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"É a coisa mais angustiante que já vivi como profissional da saúde. Esse cenário é bastante assustador" lamentou. Segundo ele, as decisões e escolhas de pacientes estão sendo tomadas por meio de análise do "manual de decisões difíceis, baseado na escassez de recursos". 

AS RESTRIÇÕES

Durante a reunião, foi discutida a possibilidade de um lockdown- que é avaliado em reunião de hoje pelos prefeitos da RMC (Região Metropolitana de Campinas). 

Durante a fala, o prefeito de Campinas disse sobre as dificuldades em fechamento de economia, mas afirmou que como médico, o intuito agora é tentar salvar o máximo de pacientes. 

"Sabemos da dificuldade da economia. Mas quem tem 163 pacientes precisando de uma vaga numa UTI ou enfermaria, tem que pensar na vida. Eu penso muito nos empresários, na economia, no setor produtivo, que está sofrendo muito. Mas a gente tem de valer o que é. A gente é médico, e médico preserva a vida" disse. 


Apesar de Campinas ter sugerido o lockdown regional, o secretário de diz que não existe condições de Campinas fazer um lockdown clássico, com suspensão do transporte público. 

"Os próprios usuários, para procurar o sistema público, teriam uma dificuldade imensa. Muita gente ficaria doente em casa. Os bancos de sangue estão com estoque muito baixo. Numa restrição muito importante, eles seriam muito prejudicados. É um contexto dificílimo", destacou. 

Além disso, Zambon ressaltou que nem todos os municípios iriam aderir à medida. Na avaliação da prefeitura, para que o lockdown seja eficiente, é necessário que toda a região o adote.

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