Com cirurgia eletiva suspensa, pacientes esperam em filas há meses em Campinas
Reprodução: ACidade ON
Com cirurgia eletiva suspensa, pacientes esperam em filas há meses em Campinas

Os pacientes com problemas de saúde que precisam de cirurgias eletivas relatam sofrimento enquanto aguardam na fila de espera dos hospitais de Campinas . Isso porque, com a reformulação do sistema de saúde para atender a alta demanda de pessoas internadas por covid-19, os procedimentos considerados não urgentes foram suspensos no início de março. 

De acordo com a Prefeitura de Campinas, antes da pandemia os hospitais Mário Gatti e Ouro Verde realizavam 800 cirurgias eletivas, que são agendadas, por mês. Agora, esses hospitais só realizam cirurgias em casos de urgência e emergência. 

A moradora Selma Neves de Jesus espera por uma cirurgia desde 2016, quando descobriu que tinha artrose. Ao longo dos anos, a doença tem limitado cada vez mais os movimentos das pernas e a firmeza dos joelhos. A solução seria uma cirurgia, mas a espera na fila, que já era longa, agora aumentou. 

"Eles falavam: 'dona Selma, a gente só vai fazer a cirurgia quando chegar a sua vez'. Da última vez que eu vi tinha 200 pessoas na minha frente. De lá para cá eles não conseguem mais atender a gente. Eu vou lá para marcar e eles não conseguem", disse. 

Enquanto aguarda, Selma relata sentir muitas dores e, durante as tarefas de rotina, a moradora já se machucou várias vezes. "Já quebrei a costela. Meu joelho é muito fraco e o médico já falou que está só os caquinhos aqui dentro. Então quando eu faço serviço meu joelho força. Ele vai e não volta, e eu caio". 

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OUTRO LADO 

Procurada, a Prefeitura de Campinas informou que as cirurgias eletivas seguem suspensas, e atualmente são realizadas somente cirurgias de urgência e emergência. Representantes da Rede Mário Gatti disseram à EPTV Campinas que há um esforço para aumentar o número de cirurgias realizadas. 

O diretor técnico do hospital Carlos Arca disse que, por dia, estão sendo realizadas em torno de 20 cirurgias, sendo oito marcadas. As demais são de urgência e emergência. "De urgência são as cirurgias de traumas, um acidente, uma cirurgia de vesícula que tem que ser feita com urgência porque a pessoa está com dor ou febre. Ou então cirurgias oncológicas, que têm prazos para serem feitas". 


Segundo o diretor técnico, esses pacientes são avaliados por especialistas do hospital, que fazem uma classificação dos casos mais graves. Sobre o caso da moradora Selma, o diretor técnico explica que a espera já costumava ser longa antes mesmo da pandemia. 

"São cirurgias complexas, que demandam cirugia programada, horário cirúrgico longo, requer prótese disponível. Já existia um represamento, e com a pandemia foi agravado", esclarece.

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