Entrega de lote da vacina da Janssen em Viracopos.
Fernanda Sunega/Prefeitura de Campinas
Entrega de lote da vacina da Janssen em Viracopos.

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O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, é a principal porta de entrada no Brasil de vacinas contra a covid-19 que chegam do exterior. Além disso, o aeroporto também recebe os insumos para fabricação da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em São Paulo.

Todo esse cenário consolida Viracopos como polo central da Rota das Vacinas no País.
Embora não haja um levantamento exato, é possível estimar que mais da metade das mais de 98 milhões de doses de imunizantes contra o coronavírus aplicadas no país (em 1ª e 2ª dose) tenham passado por Campinas seja em forma de vacina pronta, seja em forma de insumos. 

Desde o mês passado o terminal tem recebido quase que diariamente novos carregamentos com imunizantes. Neste ano, todos os 20 lotes de vacinas contratadas pela Pfizer, que totalizam 15,4 milhões de doses ao Brasil, chegaram por Viracopos.  

O aeroporto recebeu também nos dias 25 e 26 de junho mais 3 milhões de doses da vacina da empresa Janssen, que foram doadas pelo governo dos EUA ao Brasil. 

Além disso, parte significativa dos insumos para produção da Coronavac, responsável por 83% das vacinas aplicadas nos brasileiros, também chega ao país por Viracopos.

MOTIVOS


Além de ser o maior aeroporto de cargas do Brasil, a explicação para essa preferência pela entrada no país está ligada à questão de tecnologia e na agilidade operacional do terminal de cargas.

O "desembaraço nas nuvens", procedimento de liberação do lote de vacinas com o avião ainda voando, antes de pousar, ajuda a ganhar tempo e simplifica uma operação que pode ser lenta em outros terminais.

A agilidade na liberação das vacinas é importante porque elas precisam ser mantidas em baixas temperaturas para serem preservadas. Em Viracopos, esse procedimento funciona em parceria com a Receita Federal e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) (leia mais abaixo).

Outro fator é a oferta de mais faixas de tempo para pousos e decolagens em Viracopos, que também possui um pátio de aeronaves conectado diretamente com a pista dos aviões, o que contribui para a agilidade da liberação e da retirada dos produtos das aeronaves.

Com todos esses fatores, uma operação que normalmente levaria até quatro horas em outros aeroportos, tem sido feita em Viracopos em 20 minutos.

DESEMBARAÇO NAS NUVENS

Por conta das vacinas da covid-19 necessitarem de refrigeração e, com isso, um processamento rápido, a Anvisa, Receita Federal e Viracopos criaram um procedimento específico para acelerar a entrega, com o apoio da PF (Polícia Federal).

Chamado de "desembaraço nas nuvens", ele envolve a liberação da documentação necessária, emissão prévia de boletos de taxas, verificação de autorizações nos órgãos competentes e dimensionamento de equipes para a chegada da carga
.

Com isso, assim que o avião pousa em Campinas, as equipes partem para a inspeção visual, checagem da mercadoria, o pagamento de débitos e a liberação do produto para o destinatário.

"Com essa iniciativa, a carga leva de 20 a 25 minutos para ser liberada. Antes, em um processo muito rápido, levava entre três a quatro horas. Acelerou muito, muito mesmo . E para as vacinas refrigeradas, isso é crítico. Agora somente é feita uma conferência física após a aterrisagem", disse o diretor de operação de Viracopos, Marcelo Mota.

De acordo com a Receita Federal, atualmente o procedimento é utilizado apenas para as operações com vacinas, mas já existe uma norma local para que ele seja usado em todas as mercadorias relacionadas à pandemia.

"Para se ter uma ideia do impacto que a sistemática causa no processo de importação, antes medíamos os tempos em dias e agora passamos a contar os minutos. O último lote da Pfizer (na última semana) foi liberado em 32 minutos", disse o delegado Camilo Pinheiro.

SLOTS DE PISTA

Outro ponto importante que ajuda Viracopos a receber vacinas contra a covid-19 de forma eficaz são os chamados slots de pista - que são as faixas de horário de decolagens e pousos das aeronaves. Por conta da capacidade de receber movimentação comercial, aliada a um rearranjo de slots, é possível atender mais aeronaves.

Em Guarulhos por exemplo, apesar das duas pistas de voos, os slots têm prioridades para voos comerciais de passageiros. Em Viracopos, apesar de uma única pista, a prioridade pode ser do avião cargueiro.

Viracopos tem média entre 33 e 34 slots por hora, enquanto em um terminal normal são, em média, entre 28 e 29 por hora. 
"Se um avião sai de Miami ou da China, temos uma possibilidade de slots muito grande. Ele não precisa ficar circulando no ar", disse Mota.


PÁTIO DE AERONAVES

A última vantagem competitiva de Viracopos é o fato de o pátio cargueiro ficar muito próximo do terminal de cargas. Quando uma aeronave pousa, ela sai da pista e já entra no pátio para a operação de retirada da carga, diminuindo o tempo de traslado no chão. Em Campinas, esse processo leva cerca de 5 minutos.

Em outros aeroportos que esse tempo pode chegar a 30 minutos. Essa etapa do processo também ajuda as equipes a despacharem de forma ágil e entregar a mercadoria para o cliente.

A PFIZER

A Pfizer também desenvolveu uma caixa especial para transportar a vacina, que precisa de condições especiais de armazenamento. Essa embalagem especial é capaz de armazenar a vacina congelada, com uso de gelo seco, e a mantém na temperatura de -75 a -85 graus. Com isso, os frascos de vacina podem ser mantidos por até 30 dias, desde que haja troca do gelo seco a cada 5 dias.

Além disso, a temperatura da vacina é constantemente monitorada por um "data-logger", um dispositivo que mensura a temperatura interna da caixa e é monitorado, via satélite, em tempo real. Atualmente, a vacina da Pfizer e BionTech pode ser mantida por até 1 mês entre temperaturas de refrigerador de 2-8C, facilitando a chegada aos pontos de vacinação nas diferentes cidades do Brasil.

(Fontes: Receita Federal, Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos e Pfizer).

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