A Prefeitura de Campinas lançou nesta terça-feira (24) um aplicativo de botão de emergência contra assédio sexual nos ônibus municipais da cidade . Chamado de "Bela" (Botão de Emergência na Luta contra o Assédio), o projeto é feito em parceria com a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas).
De acordo com a Administração, o botão de emergência ficará no aplicativo da Emdec as passageiras deverão baixar o app em seus celulares (sistema iOS ou Android). O botão que deve ser acionado é chamado de "Registro de Denúncia". Logo após o acionamento do botão no aplicativo, haverá o georreferenciamento no software.
O pedido então será encaminhado à Emdec e a informação também chega à central da GM (Guarda Municipal), que enviará uma viatura até o ônibus.
Segundo informações da Emdec, só nesta semana houve três casos de assédio em ônibus. A média é de 20 a 30 denúncias por ano. Mas, segundo a empresa, isso ocorre porque não havia um canal adequado para a denúncia.
O APP
"O aplicativo foi feito de forma simplificada para que a vítima ou quem esteja vendo o assédio possa acionar o socorro o mais rápido possível", explicou a Emdec. Caso o botão seja acionado sem necessidade, a solicitação pode ser cancelada.
O Bela já foi testado previamente e, de acordo com a empresa, a denúncia e a comunicação com a GM funcionaram. "Conseguimos passar uma informação precisa para a Guarda, com a previsão do ponto futuro do ônibus", explicou a Emdec.
Além do Bela, que funcionará como um atendimento automático da situação do assédio sexual em coletivos, haverá ainda um campo para preenchimento de denúncias do tipo
. O aplicativo servirá tanto para assédio sexual como para importunação.
A GUARDA
"A mulher que sai de casa para ir ao trabalho, e deixa no lar os filhos, crianças, ou até meninas adolescentes que se deslocam por algum motivo... e dentro dos coletivos são assediadas de maneira vergonhosa. É uma realidade triste, com depoimentos contundentes dos casos. Temos várias pesquisas que mostram um percentual alto desta violência. E agora estaremos fazendo o processamento destes assédios a partir do momento que a mulher acionar o botão no transporte coletivo", disse a comandante da GM de Campinas, Maria de Lourdes Soares.
Ela explicou que, após o acionamento, a viatura em campo receberá ainda o mapa atualizado para facilitar o atendimento.
"Pedimos para as mulheres que espere a chegada da equipe e que ela se apresente, faça o relato físico de quem é esse assediador, para que possamos fazer a abordagem e encaminhá-lo ao distrito policial, pois é crime. Fizemos um treinamento específico para o atendimento deste botão. A mulher terá toda a proteção da Guarda a partir do momento que acionar o botão", disse.
Caso o assediador tenha descido antes da abordagem da viatura, a indicação é que a vítima guarde as características dele para que a GM faça um patrulhamento no entorno do local e localizar o suspeito. "Também é importante passar as características para monitorarmos a área. Muitas vezes o assediador frequenta aquela linha e podemos continuar a observação", afirmou.
CASO NA SEGUNDA
Nesta segunda-feira à noite um caso de assédio sexual em ônibus foi registrado em Campinas. Um homem de 70 anos foi acusado de mostrar os órgãos genitais para crianças dentro do coletivo.
O caso no coletivo que faz a linha 1.20, que liga o Terminal Ouro Verde ao Terminal Central.
Segundo o SetCamp, sindicato que representa as empresas de transporte, a situação foi registrada por volta de 21h15, quando o ônibus passava pelo trecho da Rodovia Santos Dumont.
Em nota, o sindicato informou que um homem de óculos escuros e segurando uma bengala de auxílio para a locomoção e se sentou perto das crianças que estavam com uma mulher. O homem parecia ser deficiente visual. Após se sentar, o homem tirou o órgão sexual para fora da calça e começou a fazer gestos obscenos.
De acordo com a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) o caso foi registrado como ato obsceno no plantão da 2ª Delegacia da Mulher de Campinas. Testemunhas foram ouvidas e o homem, de 70 anos, encaminhado à unidade policial. Ele foi ouvido e liberado. A polícia não divulgou o conteúdo do depoimento do acusado.
Segundo a Polícia Civil, as investigações seguem para identificar as vítimas e coletar imagens das câmeras do coletivo para análise.