Um levantamento realizado pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo mostrou que a porcentagem da população com CNH registrada em Campinas é maior que o índice da capital. Em Campinas, 63% dos moradores tem a habilitação de motorista, enquanto na capital o índice é de 50%.
De acordo com os dados, de 1,2 milhão de moradores de Campinas, 776,6 mil tem CNH. Na capital, de 12,3 milhões de pessoas, 6,2 milhões tem a carteira de motorista.
Ainda de acordo com o estudo, a maioria dos grandes e médios municípios do Estado de São Paulo possui mais cidadãos habilitados do que a capital paulista.
Os dados de todas as cidades do interior paulista (57%) são superiores aos da maior cidade do país.
A cidade de Santos, por exemplo, tem 72% de sua população habilitada (315.820 condutores de um total de 433.991 habitantes). Os municípios de São José do Rio Preto, Marília, Presidente Prudente, Franca e Barretos possuem 64% de sua população com CNHs registradas no Detran.SP.
NO ESTADO
Dos 46,6 milhões de cidadãos paulistas, 25,9 milhões possuem CNHs registradas no Departamento de Trânsito. O número representa 55% do total de cidadãos habilitados na comparação com a população do Estado de São Paulo. O levantamento foi realizado com base nos dados de julho de 2021.
"Esses números revelam o impacto que um sistema de transporte coletivo integrado, como o que existe na capital, exerce sobre a utilização do veículo particular no cotidiano dos cidadãos", afirma o presidente do Detran.SP, Neto Mascellani.
O MOTIVO
Segundo o arquiteto e professor de Planejamento Urbano da PUC-Campinas, Thiago Amim, a dispersão urbana de cidades menos adensadas e mais espalhadas do que a capital acarreta em uma procura maior pelas habilitações e, consequentemente, a utilização de veículos particulares.
"O desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo e de sua densidade populacional viabiliza a utilização de mais transportes públicos como linhas de trem, metrô e ônibus. No interior temos a verticalização dos municípios e a dispersão dos habitantes em áreas maiores e mais distantes, o que dificulta uma caminhada a pé ou a utilização de um transporte público, que leva muito mais tempo do que uma viagem de carro ou moto. Além disso, muitas cidades são circundadas por rodovias o que motiva também a procura pela habilitação", ressalta Amim.
O professor destaca outro ponto que envolve a procura pela CNH: o chamado "movimento pendular", que é realizado normalmente por pessoas que viajam de um município para o outro diariamente e voltam para sua cidade no fim do dia para dormir. "No interior há a necessidade de um deslocamento maior sem tantas opções de transporte público como na capital. Isso também reflete na busca pela habilitação", finaliza.