Vacinação em Campinas.
Divulgação/PMC
Vacinação em Campinas.


Cerca de 10 meses após o início da campanha de vacinação contra a covid-19, Campinas tem 281.344 moradores que ainda não receberam a primeira dose. O número, que equivale a 23,06% do total de 1.220.012 pessoas do público-alvo, eleva o alerta, mas ainda não faz a cidade adotar medidas duras e drásticas. 

Apesar de reconhecer que a taxa poderia ser menor e que a adesão à terceira dose é crucial para o controle, a infectologista e coordenadora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) do município, Valéria de Almeida, lembra que 186.237 dos indivíduos sem qualquer vacina têm menos de 11 anos. 

Como a faixa-etária ainda não possui autorização para receber os imunizantes no Brasil, Almeida espera a liberação para que o alcance seja ampliado no município. Enquanto isso, porém, foca nos jovens adultos e nos adolescentes, que atualmente possuem taxas consideradas insuficientes pelos especialistas. 

"A gente tem faixas que precisamos chegar ainda atualmente: os jovens adultos dos 18 aos 24 anos, os adolescentes dos 12 aos 17, e, quando liberar, as crianças. Para os adultos temos feito ações nos shoppings. No caso dos adolescentes, acreditamos que a vacinação deve aumentar no período de férias", aponta ela. 

Desconsiderando a população menor de 11 anos, que representa 66,19% dos não vacinados, 95.107 moradores não tomaram a primeira dose dos imunizantes usados na campanha. Entre eles, adolescentes e adultos (veja mais abaixo). 

EXEMPLO DA EUROPA

Questionada sobre países como Alemanha, Áustria e Grécia, que possuem taxas baixas de alcance das primeiras doses e fizeram um cerco regulatório a quem não se vacinou, a coordenadora do Devisa não vê necessidade de fazer o mesmo. 

"Por enquanto está descartada uma nova onda. Temos como observação nos últimos meses uma curva decrescente, vemos um panorama praticamente zerado de casos de covid e a capacidade de transmissão está baixa", opina. 

Além disso, elogia e considera "satisfatória" a participação das demais faixas adultas e de idosos na campanha. "A procura da população adulta pela vacinação foi acima de qualquer indicador desde o começo", comemora ela. 

TERCEIRA DOSE

Mesmo considerando que a chance de piora no nível de infecções é baixa no momento, Valéria ressalta que a dose de reforço, aplicada há semanas em Campinas, é primordial para manter o controle da pandemia no município. 

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"As pessoas precisam fazer a dose de reforço, porque eleva o nível de anticorpos. A perspectiva em curto prazo é muito boa se as pessoas tomarem o reforço", diz. 

Ela também afirma que a queda da imunidade gerada pelas vacinas já era esperada em cerca de cinco ou seis meses desde o início da imunização em todo o mundo. Por esse motivo, repete a importância do engajamento da população. 

"Se a gente tiver uma queda no índice de terceiras doses, corremos o risco de ter um aumento de casos em fevereiro e março, justamente cerca de seis meses após a aplicação da segunda dose em grande parte dos moradores", ressalta. 

ADULTOS

No grupo dos 18 aos 24 anos, o alcance da primeira dose é de 72,9%, mas o Devisa quer aumentar o índice por considerar que essa parcela da população é economicamente ativa e vive em constante circulação diariamente na cidade. 

"Os adultos jovens preocupam, porque eles não teriam tempo hábil para buscar as vacinas, seja por causa da rotina, ou do trabalho. Por isso a gente aposta nas ações de imunização em diversos locais do município, como nos shoppings, por exemplo", argumenta a coordenadora do departamento, Valéria de Almeida. 

O cálculo e a estratégia do órgão de vigilância em saúde são baseados no total de 147.833 pessoas. Destas, 40.558 não se vacinaram com a primeira dose. 


ADOLESCENTES

Campinas tem 55.295 adolescentes de 12 a 14 anos. Destes, 35.567 tomaram a primeira dose da vacina, ou 64,3%. A cidade também tem 55.699 dos 15 aos 17 anos. Do total, 36.654 tomaram o primeiro imunizante, o equivalente a 67,1%. 

A aposta do Devisa para aumentar a proteção entre esses dois grupos envolve os próximos meses, por conta do período de férias escolares. "Tradicionalmente o pessoal costuma fazer a vacinação nessas épocas", comenta Valéria de Almeida. 

Apesar dos adolescentes serem um grupo considerado de baixo risco para as formas graves de covid-19, eles transmitem o vírus da mesma forma que os demais. Ou seja, a imunidade coletiva depende também da adesão deles.

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