Campinas teve alta de casos de Covid-19 em janeiro.
Carlos Bassan / Pref. de Campinas
Campinas teve alta de casos de Covid-19 em janeiro.


O mês de janeiro deste ano registrou uma explosão de casos confirmados de covid-19, em Campinas. Ao todo, foram 6.456 notificações recebidas pela Saúde nos 31 dias do mês passado, com alta de 492% em comparação com último mês de 2021. Em dezembro do ano passado, ainda em queda constante de novos casos, a cidade contabilizou 1.089 confirmações. 

De acordo com balanço da secretaria de Saúde, essa alta de janeiro foi a maior dos últimos quatro meses (veja a lista abaixo). Antes, só em agosto a cidade havia registrado um número ainda mais alto de positivados, com 7.672 confirmações. 

Além do aumento de casos, o primeiro mês de 2022 também registrou alta nas mortes pela doença. Foram 76 óbitos. Já em dezembro do ano passado foram três falecimentos provocados pela covid-19. 

Vale destacar que nesse início de ano, hospitais voltaram a ficar lotados em Campinas, com grande parte de pacientes com sintomas respiratórios. A Prefeitura confirmou a alta pressão na procura por atendimento, e chegou a ampliar leitos e contratar mais profissionais para conseguir suprir a demanda .


NÚMEROS

2021

- Julho de 2021 - 9.918 casos / 256 mortes
- Agosto de 2021 - 7.672 casos / 178 mortes
- Setembro de 2021 - 4.228 casos / 104 mortes
- Outubro de 2021 - 2.704 casos / 49 mortes
- Novembro de 2021 - 2.132 casos / 25 mortes
- Dezembro de 2021 - 1.089 casos / 3 mortes 

2022

- Janeiro de 2022 - 6.456 casos / 76 mortes 

AINDA MAIOR

Mesmo que alto, o número de casos ainda está subnotificado, segundo a médica infectologista do Devisa, Valéria Almeida. Em meio ao boom de casos deste ano, o sistema do Ministério da Saúde apresentou diversas instabilidades, o que prejudicou a contagem dos casos confirmados. 

"Apesar da alta de casos, sabemos que ainda há muitos que não foram notificados. Tivemos falhas no sistema, e acreditamos que o número real de pessoas contaminadas foi muito maior do que o que temos registro. São dados que ainda podem ser parciais, por causa das falhas e da alta demanda. Muitos serviços ainda estão inserindo esses dados", explicou. 

VARIANTE

Segundo a infectologista, o aumento expressivo dos casos de covid-19 em Campinas no mês de janeiro desse ano se deve a chegada da variante ômicron, que é muito mais transmissível que as demais variantes do vírus e ainda, em alguns casos, consegue escapar dos anticorpos gerados tanto pela vacina quanto por infecções prévias. 

"Sem dúvida o principal fator foi a introdução da ômicron, que passou a ser a principal em circulação. Ela tem alta transmissão, e ainda um escape vacinal. Junto com ela nós vínhamos em um ritmo de desaceleração, diminuição de restrições. Então as pessoas já estavam se encontrando mais e saindo. Somado a isso e as festas de fim de ano, tivemos esse fenômeno de aumento de casos que atingiu o país inteiro", acrescentou. 

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Apesar dos números continuarem altos, a Valéria acredita que o pico dos casos da variante já tenha passado. 

"O que a gente tem observado é que a ômicron tem uma onda extremamente alta, mas curta. Em todos os países vimos que a onda atingiu pico em três, quatro semanas e começa a declinar. A nossa avaliação é que já estamos em queda. Temos observado isso tanto no número de notificações, número de atendimentos e no número de internações também, que vem diminuindo. Isso não quer dizer que está tranquilo, estamos em níveis altos, mas significa que estamos diminuindo e esperamos chegar a patamares baixos como em dezembro estávamos", indicou. 

INTERNAÇÕES

Apesar de ter mais poder de transmissão, devido a vacinação da população a gravidade dos quadros registrados em Campinas foi menor. 

"Teve uma menor gravidade. Percebemos que os casos foram mais leves e evolução para óbito foi menor. Muitos pacientes ficaram curto período em hospitais e o uso de ventilação mecânica, intubação, diminuiu muito", indicou Valéria. 

Segundo ela, o maior desafio para as equipes de saúde foi lidar com o aumento de casos de crianças internadas.

"Aumentou número de internações em relação a dezembro, tivemos que ampliar leitos, mas o que chamou muito a atenção foi que vimos muitas crianças precisando de internação por covid. Nunca tínhamos vimos isso nesses dois anos. Em nenhum momento da pandemia tivemos mais que cinco crianças internadas em uma semana. Só ontem foram 11 crianças em UTI num único dia", alertou. 

Na última semana, a secretaria de Saúde afirmou que a média mensal de casos graves de covid-19 em crianças subiu de oito para 19 em Campinas na comparação entre 2020 e 2022, o que representa 137% de aumento. 

"Ainda que a ômicron tenha escape, a vacina protege contra a doença grave, mas a população infantil não estava vacinada, então a doença desviou faixa etária onde circulava, circula no público mais suscetível", pontuou. 

NA PANDEMIA

O mês de maiores confirmações de casos durante a pandemia, segundo a Saúde, foi março de 2021 com 16.744 casos confirmados. Março de 2021 também foi o mês com maiores registros de mortos durante toda a pandemia: 808 óbitos (veja tabela abaixo). 

Segundo os dados da Prefeitura, até a última quarta-feira (9) o total de mortos na cidade desde o início da pandemia era de 4.787 pessoas e o total de confirmados é de 159.216. 

Em relação às mortes no último mês, a coordenadora indicou que assim como a primeira onda, a maior parte das vítimas foram pessoas mais debilitadas. 

"A maior parte dos óbitos no último mês foi de pessoas que tinha doenças prévias muito graves, muitos com câncer, problemas com diabetes, foi parecido com a primeira onda que tivemos, com óbitos mais relacionados a isso, além de pessoas mais idosas, que mesmo vacinados muitas vezes o corpo absorve e ainda fica vulnerável", disse.
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