Campinas recebeu na manhã desta quarta-feira (16) um aplicativo destinado a acompanhamento e prevenção de casos de Covid-19 em escolas da cidade.
O app, denominado EducaSaúde, foi desenvolvido por uma parceria entre o MPT (Ministério Público do Trabalho) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A cessão da plataforma de software foi entregue oficialmente em uma reunião, realizada de forma remota. Segundo o MPT, o aplicativo recebeu investimento de aproximadamente R$ 20 mil, obtido por meio de valores de multas trabalhistas.
"O projeto será utilizado para viabilizar ações de vigilância participativa em unidades públicas de ensino, através do monitoramento de informações fornecidas por estudantes, pais, docentes, funcionários e gestores acerca do estado de saúde de todos que trabalham ou estudam nos locais monitorados pelo app, possibilitando a identificação de casos suspeitos ou confirmados de covid-19", explicou o órgão.
Segundo o MPT, as vigilâncias das áreas de abrangência de cada local poderão gerar relatórios diários de monitoramento e direcionar as demandas para as unidades de saúde mais próximas. A previsão é que a tecnologia beneficie cerca de 50 mil pessoas.
IMPLANTAÇÃO
Segundo os realizadores, esta é a primeira plataforma que disponibiliza em tempo real, de forma integrada com os órgãos de monitoramento, informações precisas que possibilitam não só o acompanhamento, como também a prevenção da transmissão da doença.
Inicialmente, o app deve ser implantado nas unidades da rede municipal de Campinas. A data e a quantidade de escolas beneficiadas, no entanto, ainda não foram divulgadas.
Além de ceder para a Prefeitura de Campinas, o MPT afirma que o app "será fornecido gratuitamente para estados e municípios interessados na tecnologia, com a possibilidade de customização".
"A tecnologia do aplicativo será cedida gratuitamente aos interessados. A licença aberta poderá ser empregada por estados e municípios nos estabelecimentos de ensino, de forma complementar aos mecanismos de vigilância já existentes. Além disso, a ideia é que o app se torne um legado da pandemia, tendo por objetivo proteger a vida e a saúde dos trabalhadores da educação e dos estudantes, também para outras situações de controle de doenças em escolas", afirmou a procuradora que idealizou a ferramenta, Clarissa Ribeiro Schinestsck.
COMO FUNCIONA
A plataforma é constituída por três módulos, sendo dois módulos interativos, que serão acessados via web pelos usuários aos quais se destinam, e um módulo de retaguarda, que provê serviços computacionais aos outros dois módulos, como a autenticação e processamento de informações dos usuários, além da notificação de casos suspeitos aos órgãos de vigilância epidemiológica.
O primeiro módulo interativo consiste em um WebApp e é destinado aos usuários da comunidade escolar ou universitária (alunos, professores e funcionários). Este módulo, segundo o MPT, contém um questionário de sintomas a ser preenchido pelo usuário, após a sua autenticação (inserção e confirmação das suas credenciais).
Em caso de haver ao menos um sintoma positivo, é emitida uma recomendação para que o usuário não se dirija à sua escola ou universidade, aguarde o contato da vigilância em saúde e, opcionalmente, entre em contato com a unidade de saúde mais próxima da sua residência em caso de dúvidas.
Paralelamente, a Vigilância Epidemiológica é notificada da ocorrência, por meio do segundo módulo interativo (backoffice), com os dados e sintomas daquele usuário. Caso nenhum sintoma seja assinalado pelo usuário, nenhuma ação é disparada, sendo apenas emitida uma recomendação de que o usuário siga fazendo acesso diário ao EducaSaúde.
O módulo backoffice consiste em uma aplicação web administrativa, responsável pela visualização e acompanhamento em tempo real das notificações enviadas pelos usuários das escolas (via WebApp).
Por fim, o módulo de retaguarda é responsável pelo armazenamento e processamento de informações, além da comunicação com sistemas da prefeitura para acesso aos dados dos usuários.
DESENVOLVIMENTO
A primeira versão da EducaSaúde foi desenvolvida por uma equipe composta de alunos da Unicamp em parceria com a SciPet, empresa-filha da universidade, que executou o projeto a um custo mínimo.
A equipe trabalhou em estreita colaboração com docentes da faculdade de Ciências Médicas, do Hospital das Clínicas, e responsáveis pelo Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas).
O desenvolvimento também contou com apoio do STMC e Etec, para a definição e levantamento de requisitos da plataforma.