O número de motoristas mulheres que exercem atividade remunerada em Campinas cresceu 7,4% de acordo com dados do Detran São Paulo,
divulgados nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher.
O comparativo é entre os anos de 2019 e 2021 - ou seja, antes e durante a pandemia de covid-19. Além disso, a porcentagem do estado de São Paulo é ainda maior do que a registrada em Campinas, sendo 17,54%
(leia mais abaixo).
O levantamento traz o total de mulheres, em Campinas, que incluíram a observação "Exerce Atividade Remunerada na CNH" (Carteira Nacional de Habilitação) que passou de 34.411, em 2019, para 36.985, em 2021.
HISTÓRIAS BOAS
Para a motorista de aplicativo Luciana Silva, de 39 anos, trabalhar com o veículo trouxe muitas histórias boas e algumas nem tanto.
"De sete mil pessoas que levei, tive três ou quatro situações ruins, de medo. Mas graças à Deus nunca aconteceu nada", contou.
Ela, que trabalha como motorista há 3 anos, disse que sofreu assédio justamente por ser mulher.
"Acha que se você está trabalhando à noite, está procurando dinheiro, homens. Então, a gente tem que ter uma postura. No meu caso, eu estou procurando trabalhar. Sou mãe de três meninas, e sou mãe solteira. Só isso que estou procurando", disse.
Luciana conta que também viveu uma situação boa e inesquecível como motorista de aplicativo.
"Uma moça estava com crise de ansiedade, dor de estômago. Tinham chamado o Samu, mas não tinham conseguido, e eu cheguei. Essa moça entrou apavorada, mas fomos conversando e acalmando ela. Fomos conversando, dando mão uma para a outra. O namorado estava junto e quando chegamos ao hospital, ela já tinha praticamente sarado a crise dela. Ela saiu do carro sorrindo", contou.
NO ESTADO
Já no Estado de São Paulo, o índice cresceu 17,54%, na comparação entre os anos de 2019 e 2021.
O contingente de mulheres paulistas que incluíram a observação EAR na CNH passou de 1.023.237, em 2019, para 1.202.747, em 2021.
O total é o maior dos últimos cinco anos,
informou o Detran.
Em São Paulo, dados do ano passado demonstram que o público feminino representa 23% do total de motoristas que trabalham na condução de veículos e que possuem essa informação em suas habilitações.
A inclusão da observação é necessária para condutores que produzem renda por meio de veículos, como motoristas de aplicativo de transporte, taxistas, motoristas profissionais, motorista de ônibus e caminhões, além de motofretistas e mototaxistas. As empresas que contratam esses profissionais exigem que eles tenham essa observação em suas habilitações.
MAIS ATIVAS NO SEGMENTO
"As mulheres têm ampliado a ocupação de espaços também no trânsito e estão cada vez mais ativas neste segmento. Esse aumento também tem a ver com uma mudança de conceito. Algumas mulheres hoje assumem as famílias e muitas, inclusive por conta da pandemia, saíram do mercado formal e foram para o informal. Aí tiveram que se regularizar e tirar a EAR para poder conduzir esses veículos", explica Neto Mascellani, diretor-presidente do Detran.SP.
O crescimento coincide com as crises sanitária e econômica em decorrência da Covid-19, que consequentemente aumentaram a demanda dos serviços delivery de restaurantes, de entrega de produtos e de pessoas e de transporte por aplicativos. Muitas pessoas que perderam ou tiveram a renda reduzida viram o veículo como uma ferramenta para fonte de renda.