Suspeito foi preso de forma preventiva na quinta-feira (10).
Reprodução de vídeo/EPTV
Suspeito foi preso de forma preventiva na quinta-feira (10).


O delegado José Roberto Rocha Soares, do 12º DP (Distrito Policial) de Campinas, disse na tarde de hoje (10) que o líder espiritual de 43 anos preso por abuso sexual é "pior que João de Deus". O homem atuava em uma clínica em Sousas e cinco vítimas denunciaram os abusos.

A prisão ocorreu na manhã desta quinta-feira, de forma preventiva. Segundo o delegado responsável pelo caso, o homem dizia à vítima que ia "destravar o fogo" para que ela tivesse cura espiritual. As sessões de terapia custavam R$ 150 cada e o suspeito não usava camisinha nessas relações. Ele era ainda chamado de "pai espiritual" pelas vítimas.

"Ele é um João de Deus piorado. Pior que João de Deus. Porque o João de Deus era eventual. Esse, não. Fazia cativo e prendia a pessoa para fazer terapia e ele ganhava dinheiro. Não sei se o objetivo final era o sexual ou o financeiro. Ou os dois juntos", afirmou o delegado.

A esposa do suspeito também trabalhava na clínica e será ouvida pelos policiais. Hoje, ela estaria muito abalada. Ambos faturavam, juntos, cerca de R$ 70 mil e tinham vários imóveis.

A DENÚNCIA

As vítimas denunciaram o suspeito em dezembro, após perceberem que ele agia da mesma forma com todas . No entanto, os abusos sexuais, com homens e mulheres, ocorreram ao longo dos últimos 10 anos, segundo a polícia.

"Ele abusava das pessoas, com bolinações no corpo das pessoas até atingir a relação sexual. Algumas vítimas chegaram a ficar cinco anos tendo relações com ele. Usava do mesmo argumento para todas, mas uma não falava com a outra. Então não sabiam o que acontecia", explicou Rocha.

Porém, uma das vítimas não aceitou e isso foi o motivo de passar a informação para as outras. "Ele não forçava. Algumas, que evia que tinha dificuldade e fraqueza, ele demorava na argumentação e a pessoa ia acreditando nele. Era uma alienação violenta", explicou.

ARGUMENTO

Essas vítimas procuravam a clínica porque queriam "buscar um caminho para a vida", segundo o delegado. "Muitas estavam com depressão, outras doenças. E ele dizia que queria 'destravar o fogo' para que a pessoa tivesse uma vida melhor com o marido, noivo, namorada. As pessoas acabaram acreditando e isso virava uma relação sexual".

Além disso, o líder espiritual não usava preservativo porque dizia que tinha feito vasectomia. As vítimas não relataram à polícia ter contraído doenças sexualmente transmissíveis.

GRADUADO E PROFESSOR

A Polícia Civil disse ainda que o suspeito é formado pela Unicamp e possui pós-graduação. Ele ainda foi professor em colégios conhecidos de Campinas. No entanto, teria seguido o caminho holístico por questões financeiras.



CLÍNICA

A clínica em Sousas onde os abusos teriam ocorrido deixou de realizar atendimentos em dezembro do ano passado.

Isso ocorreu após as vítimas questionarem as pessoas envolvidas na clínica sobre a conduta do líder espiritual. Até então, ele era trata como "o mais conceituado do local". 



INVESTIGAÇÃO

Ao todo são cinco inquéritos abertos em tramitação. O crime de estupro não é investigado, porque de acordo com a polícia não ocorreram abordagens mediante violência ou grave ameaça contra as vítimas. Hoje, na casa dele, foram apreendidos dois celulares e dois notebooks.

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