Para evitar o colapso da rede de saúde - principalmente do SUS - a Prefeitura de Campinas anunciou nesta segunda-feira (22) que contratará 14 leitos da rede privada para atendimento de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) para casos de Covid-19.
A medida ocorre após o município atingir 100% de ocupação de leitos na rede pública ontem. Outra medida para tentar controlar a disseminação do vírus foi anunciada hoje com o início de ações da fase vermelha de restrições entre 21h às 5h a partir de amanhã (23). A tentativa é desafogar os leitos de saúde.
NOVOS LEITOS
Os 14 leitos de UTI serão distribuídos nos hospitais Samaritano (3), Casa de Saúde (4) e Irmandade Misericórdia de Campinas (7). Eles se somam aos já 107 leitos disponíveis atualmente sob gestão municipal. Hoje, a ocupação no SUS de Campinas é de 98,13%, com somente dois leitos livres. Além da UTI, também serão contratados quatro leitos de enfermaria da rede privada.
No SUS Estadual a situação é semelhante, com 95% de ocupação e um leito livre - são 20 no total. Por conta da situação, o governo estadual anunciou a abertura de mais 10 leitos de UTI no HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp. Além disso, há 34 leitos de enfermaria para pacientes infectados com o novo coronavírus.
SITUAÇÂO SE AGRAVOU
Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, a situação epidemiológica da cidade se agravou muito nos últimos quatro dias. "É preocupante. Desde sexta-feira (19) tivemos um grande aumento de casos. Baseado nisso faremos essas contratações", disse. O chefe da pasta afirmou ainda que o governo estadual ajudará no custeio destes leitos, com R$ 1,6 mil para cada UTI e R$ 300 para leitos de enfermaria.
O restante do valor será arcado pela Administração municipal, uma vez que um leito de terapia intensiva custa R$ 2,5 mil.
Até o momento, Campinas tem 258 leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19 nas redes pública e particular. Na rede privada, a ocupação é um pouco menor de 81,68%, com 107 unidades complexas ocupadas e 24 leitos livres.
MÁRIO GATTI
Além da contratação, a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar iniciou a ampliação da estrutura de enfermarias. Já foram abertos sete leitos de enfermaria exclusivos para covid-19 no Hospital Mário Gatti e no final de semana entraram em operação mais 14. Em até 15 dias, outros 24 leitos serão ativados na UPA Anchieta.
O presidente da Rede Mário Gatti, Sérgio Bisogni, informou que se houver agravamento da situação, com pressão sobre o sistema público de saúde, mais 36 leitos de enfermaria poderão ser abertos no Hospital Ouro Verde.
Ainda não há previsão da retomada do funcionamento do Hospital de Campanha de Campinas, desativado em agosto de 2020.
PROJEÇÃO
Com a abertura dos novos leitos municipais e estaduais, a cidade chegará a 282 UTIs exclusivas para coronavírus. Caso não haja novas internações de hoje para amanhã, a taxa de ocupação cai para 81,9%. Hoje a taxa geral de Campinas é de 89,53%. Esse dado não é oficial e trata-se de uma projeção feita pelo ACidade ON Campinas.
Já na DRS (Departamento Regional de Saúde) 7, que representa a região de Campinas, a taxa de UTI é de 67,9%. É este índice usado pelo governo estadual como um dos critérios de avanço ou regressão de fase no Plano São Paulo. Na quarta-feira (24) deve ocorrer uma nova classificação. Apesar disso, a fase vermelha municipal deve ocorrer até o dia 1 de março, segundo a Prefeitura de Campinas.