Com os hospitais de Campinas e de cidades da região lotados, famílias com parentes doentes precisam entrar na Justiça para conseguir vaga em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) para o tratamento da Covid-19 . A Prefeitura de Campinas confirmou na manhã de hoje (4) que a rede municipal de saúde segue com 100% de ocupação nos leitos .
Em Sumaré, a moradora Jéssica Andrade Colin luta para conseguir uma vaga para o pai, que está internado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Macarenko desde 27 de fevereiro, mas precisa ser transferido para uma UTI pela gravidade do caso.
"O pulmão fechou e eles entraram com bastante medicação para tentar reverter, mas não conseguiram. Ele está sedado, entubado e a médica falou que é decisivo, no caso dele, um leito de UTI, e na UPA não tem", disse.
Sem conseguir vaga, Jéssica conta que precisou recorrer ao MP (Ministério Público). Mas, até o momento, não obteve resposta.
"Me disseram que depois que o juiz notificar a saúde estadual sobre meu pai, o estado tem até 48 horas para disponibilizar a vaga. Enquanto isso a gente está tentando nos hospitais particulares e está tudo cheio".
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EM VALINHOS
Em Valinhos, moradores enfrentam a mesma situação. Claudio Folegatti também está na luta para conseguir uma vaga para o pai, Irineu Folegatti, de 73 anos, internado na UPA de Valinhos desde domingo (28).
"Se não tiver uma intubação, ele vai morrer aos poucos de falta de ar. Essa é minha indignação. Alegam que não tem vaga e que estão procurando", contou.
Por conta da falta de leitos, a Prefeitura de Valinhos decidiu adiantar a fase vermelha no município para esta quinta-feira.
ESTADO
Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde afirma que a Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde) está monitorando os dois casos e que, assim que possível, irá auxiliar no processo de transferência. Disse ainda que todo pedido de transferência é priorizado conforme o grau de urgência e monitorado por profissionais da Cross.
Segundo o Estado, a Central funciona 24h por dia como mediadora de pedidos dos serviços de origem e os de referência, mas não é responsável por 'liberar' ou 'criar' vagas.
Ainda de acordo com o Estado, até quarta-feira (3), a rede hospitalar estadual exclusiva para covid-19 registrou ocupação de 79,4% em UTI e 56% em enfermaria na região de Campinas.